Este é um Natal marcado pelos germânicos, a Merkel
obrigou-nos a vender a electricidade aos chineses e agora quando há energia está
a lâmpada fundida, quando a lâmpada está boa é a energia que falta e quando
ligamos para o telefone da companhia atende-nos uma menina toda tia da linha de
Cascais a informar que o Professor Catedrático a tempo parcial 0% Eduardo
Catroga não nos pode atender porque recebeu mais uma remessa de pentelhos para
contar e na idade dele a vista já não ajuda.
Mas a senhora Merkel não se ficou por aqui, quer o presépio
aberto mais horas, com o jumento a receber menos, pagar mais impostos e sem
direito a subsídios, o São José que era carpinteiro de cofragens e ficou sem
trabalho por causa de não se ter construído o novo aeroporto e agora anda a
mandar currículos pata a net na esperança de arranjar emprego na Alemanha.
O que nos vale é que ainda temos reis magos, a senhora
Merkel assegurou-se que teríamos um Gaspar, Melchiores há por aí muitos e à
falta de um Baltazar pediu um Salassie emprestado ao FMI. Mesmo sem São José e
com a estrela mais apagada do que noutros tempos, até porque com o preço da
energia pelos olhos da cara e sem emprego para pagar a conta quase que temos de
ser criativos para não recorrermos a outros olhos que Deus no deu para podermos
pagar a conta.
Mesmo aturando as baboseiras do Baltazar e as sacanices do
Gaspar, com o presépio meio às escuras e o São José de volta do computador para
saber se chegou alguma proposta de emprego confortável na Alemanha para
carpinteiro (ou carapinteiro) de cofragens, ainda se ia aproveitando a quadra
Natalícia com um povo com desconto imediato comprado no Pingo Doce, umas
rabanadas de promoção do Minipreço e um bolo-rei com 50% de desconto em cartão
do Continente, para compensar a prenda que o Gaspar nos vai deixar no sapatinho
no próximo dia de reis.
Mas ainda pior do que aturarmos uma alemã acompanhada de um
etíope que se entende tão bem com o Gaspar como se entenderia com os seus
vizinhos piratas da Somália, é termos dois alemães. E se a Merkel fez o que fez
ao presépio o pior foi quando veio o Joseph Alois Ratzinger, que adoptou a
alcunha de Bento, talvez para passar por assessor presidencial. O Ratzinger
olhou, olhou e chegou à conclusão de que havia ali bicharada que não fazia
parte da cena, levou o Jumento e a vaca, quanto à vaca tudo bem porque o que há
mais por aí é vaca muito bem na vida, mas bolas, depois de mandar o carpinteiro
para o desemprego o pior que poderia acontecer era este humilde Jumento ser
despedido porque o menino Jesus era alemão e não podia ser aquecido por um
qualquer burro.