terça-feira, dezembro 11, 2012

Processo sumário


 Durante anos o país assistiu a fugas ao segredo de justiça destinadas a derrubar um governo eleito democrático pela maioria dos portugueses, aliás, eleito duas vezes e na primeira com maioria absoluta. Durante anos os que deveriam velar pela legalidade democrática promoveram a mais grave das ilegalidades, a corrupção total do justiça e a subversão fascista do regime democrático. Os jornalistas de quem se espera uma visão crítica da realidade deixam de a ter para andarem armados em juízes, uma fonte corrupta passava as peças de um processo e o jornalista vestia uma toga para condenar a vítima na praça pública, sem qualquer direito de defesa. O tribunal popular imposto por gente sem escrúpulos é bem mais violento e fascista do que os antigos tribunais plenários, nesses ainda havia um simulacro de julgamento.

Alguém viu um Presidente da República chamar a Belém o sindicalista dos magistrados para se informar melhor sobre a bandalhice em torno de processos em investigação que estão sob segredo de justiça? Alguém viu uma televisão produzir um vídeo denunciando um corrupto que se dirigiu a um jornalista com cópias de gravações com o objectivo de derrubar alguém em quem os portugueses votaram? Não, tudo valia, como ninguém gostava de um determinado político tudo valia, todas as formas de derrubar um governo eram legítimas, se o povo tinha votado então teria de mudar de opinião, custasse o que custasse.

O incrível disto tudo é que os altos responsáveis da nossa investigação continuam a apresentar-se como verdadeiras santidades, pertencem as associações de bons princípios, são líderes do combate à corrupção, são exemplos de valores democráticos. Não importa que se viva num país de medo, vivemos aterrorizados com a crise financeira, receamos criticar os justiceiros porque têm poderes ilimitados para nos tramar, não podemos dizer o que pensamos dos Presidente porque a sua honorabilidade está blindada pelo Código Penal, temos de ter cuidado com os poderes ocultos das secretas e dos Serras controlados pelo poder, devemos ser dóceis para com os jornalistas pois podem vingar-se e difamar-nos na primeira página.
  
Mas toda esta gente é cobarde, como se viu no caso Medina Carreira, personagem que não aprecio mas que teve a coragem de mandar os justiceiros à bardamerda. Bastou uma reacção sem medo para que os nossos justiceiros fizessem xixi pelas calças abaixo, em menos de 24 horas o ex-ministro era inocente, que a culpa foi de uma pista falsa dada por um qualquer bandalho. Mesmo assim a nossa justiça não pediu desculpa, ainda vieram a público falar em peças e em juntar peças.
  
Então não existiu um crime grave de violação do segredo de justiça? Não terá havido uma tentativa vil de homicídio social de um cidadão? Não terá havido uma violação da privacidade da casa de um cidadão sem qualquer razão? Não aconteceu nada que tivesse deixado preocupada a senhora procuradora?
  
Num país a sério toda esta gente já teria sido demitida e em vez de andarem a dar aulas em falsas universidades partidárias e a massacrar p+portugueses com julgamentos na praça pública teriam de andar a trabalhar para comer, muito provavelmente a ganhar os mesmos 500 euros a troco dos quais muitos jovens juristas deste país trabalham mais, melhor e de forma mais honesta do que muitos dos nossos justiceiros.