Alguém viu um Presidente da República chamar a Belém o
sindicalista dos magistrados para se informar melhor sobre a bandalhice em
torno de processos em investigação que estão sob segredo de justiça? Alguém viu
uma televisão produzir um vídeo denunciando um corrupto que se dirigiu a um
jornalista com cópias de gravações com o objectivo de derrubar alguém em quem
os portugueses votaram? Não, tudo valia, como ninguém gostava de um determinado
político tudo valia, todas as formas de derrubar um governo eram legítimas, se
o povo tinha votado então teria de mudar de opinião, custasse o que custasse.
O incrível disto tudo é que os altos responsáveis da nossa
investigação continuam a apresentar-se como verdadeiras santidades, pertencem
as associações de bons princípios, são líderes do combate à corrupção, são
exemplos de valores democráticos. Não importa que se viva num país de medo,
vivemos aterrorizados com a crise financeira, receamos criticar os justiceiros
porque têm poderes ilimitados para nos tramar, não podemos dizer o que pensamos
dos Presidente porque a sua honorabilidade está blindada pelo Código Penal,
temos de ter cuidado com os poderes ocultos das secretas e dos Serras
controlados pelo poder, devemos ser dóceis para com os jornalistas pois podem
vingar-se e difamar-nos na primeira página.
Mas toda esta gente é cobarde, como se viu no caso Medina
Carreira, personagem que não aprecio mas que teve a coragem de mandar os
justiceiros à bardamerda. Bastou uma reacção sem medo para que os nossos
justiceiros fizessem xixi pelas calças abaixo, em menos de 24 horas o
ex-ministro era inocente, que a culpa foi de uma pista falsa dada por um
qualquer bandalho. Mesmo assim a nossa justiça não pediu desculpa, ainda vieram
a público falar em peças e em juntar peças.
Então não existiu um crime grave de violação do segredo de
justiça? Não terá havido uma tentativa vil de homicídio social de um cidadão? Não
terá havido uma violação da privacidade da casa de um cidadão sem qualquer razão?
Não aconteceu nada que tivesse deixado preocupada a senhora procuradora?
Num país a sério toda esta gente já teria sido demitida e em
vez de andarem a dar aulas em falsas universidades partidárias e a massacrar
p+portugueses com julgamentos na praça pública teriam de andar a trabalhar para
comer, muito provavelmente a ganhar os mesmos 500 euros a troco dos quais
muitos jovens juristas deste país trabalham mais, melhor e de forma mais
honesta do que muitos dos nossos justiceiros.