segunda-feira, dezembro 10, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura

 
 
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Alfama, Lisboa
   
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O último comboio [J. Ferreira]   

Jumento do dia
  
Guilherme D'Oliveira Martins
 
Guilherme D'Oliveira Martins não é um magistrado em busca de fama ou um político do BE a querer dar nas  vistas, foi ministro das Finanças e preside ao Tribunal de Constas, dele espera-se cuidado com o que diz e um grande rigor quando usa números.
 
Dizer que a economia subterrânea representa 25% do PIB é dizer que todo o país se situa num subúrbio de Chicago nos tempos de Al Capone, ainda por cima em vez de falar de economia paralela ou de economia formal escolhe logo o termo mais forte, que inclui tudo e mais alguma coisa do pior que há.
 
Compreende-se a ligeireza numérica de Guilherme D'Oliveira Martins, os cursos de direito não são lá muito fortes em cadeiras de matemática, ainda que alguns dos nossos juristas andem por aí armados em grandes economistas. Seria interessante se o presidente do Tribunal de Contas fizesse um pequeno exercício, tire do seu PIB imaginário sectores que em princípio não pertencem a esse submundo da economia subterrânea, como a PT, a EDP, a Autoeuropa, o grande retalho, a GALP e mais umas quantas grandes empresas e depois vai ver quanto sobra para os 100% do PIB, provavelmente vai ter que se certificar se o seu vencimento é mesmo pago com o dinheiro dos contribuintes.
 
Sejamos rigorosos, uma coisa é sermos defensores do combate à evasão fiscal ou à corrupção, outra é empolarmos os problemas para ganharmos notoriedade e protagonismo. Por falar nisso, o que fez contra esses males o actual presidente do TC quando ea ministro das Finanças?
 
«O presidente do Conselho de Prevenção da Corrupção e do tribunal de Contas está preocupado com o facto de Portugal estar no 33.º lugar no índice de perceção da corrupção, ao mesmo nível de países como o Butão e Porto Rico. Guilherme D'Oliveira Martins alerta também para a situação de a economia paralela e subterrânea em Portugal já representar 25% do PIB e de que a "crise não favorece o combate à corrupção".» [DN]
    
 Produtos transaccionáveis

Cavaco Silva andava tão empenhado em criticar José Sócrates usando o argumento da necessidade de promover a produção dos produtos transaccionáveis que acabou por produzir um primeiro-ministro não transaccionável, a não serem os amigos da Fomentinvest ninguém o quer. Cavaco deveria ser arcar com as consequências, O Jumento propõe um peditório destinado a comprar uma casa na Quinta da Coelha para oferecer a Passos Coelho, assim o Cavaco teria que dar de caras com o seu produto transacionável até ao último dos seus dias.
  
A praia da Manta Rota agradecia, sem o Serra teria um ar mais respirável.

 Quem desperdiça
 
O país foi sobressaltado mais uma vez pela vocação diciplinadora da senhora Jonet, uma moda que tem pegado desde que este governo decidiu forçar o país a uma penitência colectiva poor ter andado a comer demais. Agora foi a senhora que se atirou aos portugueses, se os seus filhos desperdiçam água quando lavam os dentes, os portugueses, esses pobretanas ingratos que se fartam de se alimentar à base de bifes, fartam-se de atirar alimentos para o lixo.
 
A isto ficou reduzido um estudo sério sobre o desperdício que merecia melhor tratamento do que a sua utilização para dar raspanetes aos portugueses, pobres, consumidores compulsivos e desperdiçadores, ainda assim o melhor povo do mundo segundo o ministro das Finanças.
 
 Acabar com a impunidade
 
Aquilo que se passou com Medina Carreira já se passou com muitos portugueses que foram emporcalhados por gente incompetente ou mal formada. A ministra da Justiça vai exigir que este caso seja investigado e os seus responsáveis levados à justiça por abuso ou a um processo disciplinar por incompetência?
 
 Ó Serra!
  
A forma como o Passos Coelho se dirigiu ao Serra para que este não maltratasse os estudantes faz lembrar o dono de um cão que grita ao cahorro, chamando-o para que não haja o risco de morder em crianças. Passos Coelho tentou dar a imagem de um primeiro-ministro tolerante, mas acabou por fazer uma figura ridícula, comportando-se como um dono de cães perigosos que anda a passear na rua sem açaimo, confiando apenas que lhe obedecem ao primeiro grito. Não há memória de tal espectáculo, nem o Salazar aparecia em público rodeado de tão grande "matilha", ele que tinha a fama e o proveito de ser ditador.
 
Compreende-se a preocupação de Passos Coelho de exibir os polícias como se estivesse disfarçando pitbulls em caniches, começa a ser claro que a carga policial ordenada pelo seu ministro nas escadarias do parlamento, foi ilegal e excedeu em violência o que é aceitável em democracia, foi um  verdadeiro soltar da canzoada. A polícia bem disse que viu bombas artesanais e que enfrentou um bando de criminosos. Até conseguiram enganar Cavaco Silva e Seguro, mas a verdade é que mesmo depois da invasão da RTP e após terem feito passar a mensagem de que os manifestantes eram cadastrados, até pertenciam a claques de futebol, até hoje não identificaram um único desses criminosos perigoros cuja presença reconheceram.
 
É caso para dizer, ó Serra está descansado.
 

  
 Que será que nos querem esconder?
   
«Pela segunda vez em seis meses, os grupos parlamentares do PSD e do CDS votaram contra uma proposta de lei do PS e antes do BE que pretendia tornar claro quem de facto são os proprietários dos órgãos de comunicação social a operar em Portugal.

Sexta-feira passada foi-nos relembrado que para a maioria parlamentar basta saber que uma televisão, uma rádio ou um jornal é propriedade da "Javoslixo" sociedade anónima com sede no Panamá ou nas Ilhas Virgem para que não existam mais perguntas a fazer.

O principal capital dos media é a sua credibilidade, a confiança que os consumidores têm na informação que lhes é dada. Sempre assim foi, mas com a Internet e a infinita capacidade de acesso a informação os media tradicionais reforçaram a sua posição de garantes da qualidade. Não é em vão que a Wikileaks passou os dados que detinha para títulos como o Guardian ou o New York Times. Estes títulos fizeram o mais importante: deram o aval às informações. Sem esse selo de garantia nunca teriam o impacto que tiveram - paradoxalmente, ou talvez não, é exactamente na altura em que mais recorremos aos media tradicionais como garantia de qualidade que estes vivem a crise mais profunda. Confiança e credibilidade são as palavras- -chave na relação entre produtores e consumidores de informação. Ho- je mais que nunca. Não será preciso discorrer sobre a nossa dependência dos media para construirmos as nossas opiniões e convicções.

Para que confiemos nos órgãos de comunicação social é absolutamente essencial sabermos diversos aspectos da sua vida começando, como deve ser, pelo principio: quem são os accionistas. Já sabemos que para os deputados do PSD e do CDS (poucos estarão sensibilizados para o assunto, mas, para o bem ou para o mal, são todos responsáveis) isso não é relevante. Para esses senhores não importa saber se o sr. Silva, fabricante e comercializador de atoalhados, sendo esse o seu principal negócio, é também grande accionista dum jornal. Eu acho que é. Só assim vou poder interpretar melhor notícias sobre os concorrentes do sr. Silva ou sobre o sector dos atoalhados.

Para os grupos parlamentares da maioria não é importante saber se um accionista da "Javoslixo", proprietário duma televisão, é um ditador, um dono dum casino, uma igreja ou uma outra coisa qualquer. Mais, também não lhes parece importar se o accionista dessa sociedade anónima sediada no Panamá dona dessa televisão é também accionista duma outra sociedade anónima com sede em Jérsia proprietária duma televisão concorrente. E não acham sequer necessário saber o nome do homem ou da mulher que domine uma empresa que fique a explorar uma televisão que seja, por louco exemplo, contratualmente obrigada a fazer serviço público. Até podem pensar que uma qualquer Fox News o pode fazer, apesar de não quererem saber quem é o dono dessa cadeia de televisão...

Não são só os consumidores de informação que precisam de saber quem são os verdadeiros donos dos media, as suas possíveis outras actividades e interesses. Os próprios colaboradores, jornalistas e outros, são parte interessada e deve-lhes ser assegurado o direito de saber para quem realmente trabalham.

As senhoras e os senhores deputados acham, portanto, que tudo isto não interessa nada. Bom, das três uma: ou estão interessados em matar duma vez por todas os media tradicionais contribuindo para que os cidadãos percam a confiança nas televisões, rádios ou jornais, ou não percebem rigorosamente nada do sector, ou existe uma agenda escondida inconfessável.

Dizem-nos que a transparência já está assegurada pela actual lei. Sejam francos, sabem que é uma redonda mentira e basta olhar para jornais cujos donos são apenas siglas. Mas, a quem não interessa a completa transparência da propriedade dos órgãos de comunicação social? Quem são as pessoas que querem mandar em órgãos de comunicação social mas não querem dar a cara, sobretudo numa altura em que é previsível uma mudança de cenário e de actores no sector? Quem não quer que se saiba quem manda nos media? Quem foi a pessoa que deu a ordem aos grupos parlamentares para votarem neste sentido? Qual o seu interesse? O da defesa da liberdade de imprensa e da transparência não é de certeza absoluta.
  
A democracia precisa de órgãos de comunicação social livres, independentes e transparentes. Consciente ou inconscientemente, os deputados da maioria contribuíram para que o sector dos media seja menos livre, menos plural e menos transparente.» [DN]
   
Autor:
 
Pedro Marques Lopes.   

 Maus a investigar, bons a enlamear
   
«Francisco Canas tinha um esquema de dinheiro para Suíça, o que levou a Polícia Judiciária a investigar. Traduzido: a Judite pôs debaixo d'olho o Zé das Medalhas no caso Monte Branco. À polícia dá-se a alcunha da bíblica Judite, o comerciante da Baixa lisboeta passa a ser Zé das Medalhas e a Helvécia esconde-se atrás da sua célebre montanha. E porquê esses biombos? Porque um bom caso policial precisa sempre de mistérios que apimentem a coisa. Agora, sigamos um investigador português dando com o livro escondido do Zé das Medalhas, onde este apontava os seus clientes e verbas. Um livro destes seria lido por qualquer investigador como as mensagens da Rádio Londres eram ouvidas pelos nazis durante a II Guerra Mundial. Se a mensagem era "les sanglots longs des violons...", eles não diziam: "Olha, agora deu-lhes para a poesia de Verlaine!" Desconfiavam: "Aqui há gato...", mesmo não sabendo se persa ou siamês. Da mesma forma, um investigador lendo o nome "Medina Carreira" no livro do Zé das Medalhas desconfiaria. Tentava traduzir aquele código. Um investigador, disse eu. Em geral. Mas se o investigador for português, aí já marra a direito: "Medina Carreira? Olha, o gajo que tem a mania de dar lições." E ia direito a buscas na casa e escritório do "indiciado". Não deu em nada, claro, era mesmo código. Porém se os investigadores portugueses marram mal, pegam de cernelha bem: os jornais ficaram logo a saber que houve buscas...» [DN]
   
Autor:
 
Ferreira Fernandes.
    
     
 Quem desperdiça?
   
«O primeiro estudo sobre o desperdício alimentar feito em Portugal é apresentado quinta--feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. ‘Do Campo ao Garfo - Desperdício Alimentar em Portugal’ revela que, na produção agrícola, são perdidas 332 mil toneladas de alimentos. Por sua vez, na indústria, nomeadamente de embalamento, a perda é de 77 mil toneladas. Na cadeia de distribuição, que engloba os estabelecimentos comerciais, os alimentos condenados ao lixo são 298 mil toneladas. Por fim, os consumidores deitam fora 324 mil toneladas de alimentos. Além dos cereais, as perdas domésticas são igualmente elevadas nas raízes e tubérculos (batata e cenoura) e na fruta.» [CM]
   
Parecer:
 
A verdade é que o consumidor final não desperdiça assim tanto.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mande-se a bondosa Jonet voltar a ler o estudo e sugira-se-lhe mais cuidado antes de falar.»
      
 O Relvas mudou-se para Lisboa
   
«O ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, disse este domingo que nas próximas autárquicas vai votar em Fernando Seara para a Câmara de Lisboa e advertiu o atual presidente, o socialista António Costa, que as eleições não serão "favas contadas".
   
"Eu habituei-me a votar ao longo da minha vida em Tomar, nas próximas eleições vou votar em Lisboa e vou votar no doutor Seara", afirmou Relvas aos jornalistas, à margem da Universidade Política de Lisboa do PSD, que decorre este fim-de-semana na Beloura, Sintra.» [JN]
   
Parecer:
 
O Costa que se cuide, com o apoio do dr. Relvas o Seabra ainda consegue uma equivalência a presidente da autarquia de Lisboa, é só ir à Lusófona, apresentar um currículo de autarca de Sintra e aguardar pelo milagre das cunha do Relvas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
     

   
   
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