quinta-feira, dezembro 13, 2012

Não somos um povo de imbecis ó Salassie!


Vivemos num tempo em que ser português parece significar ser imbecil, diria mesmo que intelectualmente inimputável, é como se a falta de dinheiro por parte do Estado tivesse dois efeitos estranhos, um imbecil que pertença ao governo é promovido a sumidade intelectual e o cidadão comum adquire o estatuto de idiota.
Há uns tempos atrás houve quem exigisse participar nas negociações com a troika, quem escrevesse cartas à troika que antes de chegarem aos destinatários estavam publicadas nos jornais, que alertavam a troika para a existência de esqueletos no armário e, por fim, até exigiram a divulgação pública do memorando e depois ainda fizeram uma grande alarido para que fosse traduzido para português.
  
Agora tudo é diferente, o memorando tornou-se secreto, é apresentado aos portugueses não como o resultado de uma negociação mas como uma imposição do imperador Salassie e o primeiro-ministro vem depois sugerir aos portugueses que lhe devem ficar eternamente gratos porque escolheu o limite mais simpático de um qualquer intervalo. Um dia destes virá dizer que é o melhor governante que tivemos porque o imperador Salassie defendeu que um milhão de portugueses deveria ficar na miséria mas devemos reservar um lugar na história de Portugal porque graças à sua intervenção desse milhão uns quinze mil em vez de ficarem na miséria, ficaram remediados. Isto não é assim tão ridículo, a imbecilidade tem a vantagem de eliminar os limites à criatividade e quem acha que ser forçado a emigrar para conseguir ganhar para alimentar os filhos é uma oportunidade na vida pode lembrar-se dos maiores disparates.
  
Há quem queira passar a ideia de que o país deixou de ter governo, que os portugueses devem ser tratados como idiotas e os governantes foram os eleitos para fazerem de porta-voz dos esbirros do imperador Salassie. De repente deixaram de haver negociações, a concertação social deixou de funcionar e o consenso político alargado passou a ser imposição política. O imperador Salassie ordena, o governo comunica as decisões aos atrasados mentais e a senhora Jonet conforta-os com os seus valores ideológicos dignos de uma disciplina de economia do tempo em que as nossas meninas tinham um curso de “formação feminina” no ensino secundário.
  
A democracia foi suspensa, os portugueses estão impedidos de discutir o seu país e o seu futuro, o imperador Salassie até se dá ao luxo de dar raspanetes a todo um povo e até os ameaça dizendo que se querem um Estado social então que o paguem, o rapaz fala como se o empréstimo a Portugal tivesse sido uma operação de ajuda alimentar, esquece que os hotéis de luxo que frequenta e as mordomias em que vive são pagas com os juros altíssimos que Portugal paga à troika e pelas chorudas comissões com que financia o imperador mais os seus esbirros.
  
O senhor Salassie e os outros dois estarolas da troika estão a ir longe demais, o memorando assinado entre Portugal e as organizações internacionais não previa que fossem a seminários dizer postas de pescada, que atribuíssem ao primeiro-ministro os poderes de um Pinochet e que transformassem todo um povo num rebanho de imbecis.