quinta-feira, setembro 15, 2016

A náusea

Confesso que já estou enjoado do caso Sócrates, estou farto dele até à medula, já não suporto ver os seus intervenientes, irrita-me a imagem do juiz, fico incomodado com o mau cheiro televisivo dos cigarros do Rosário Teixeira. Estou farto de entrevistas, das manchetes do Correio da Manhã, das opiniões do João Tavares, dos milhares de comentários que vou lendo por aí.

O que é que eu tenho a ver sobre quantas mulheres tem Sócrates, ainda por cima quando os mesmos que agora se divertem com as dicas do MP eram os mesmos que no passado se divertiam a mandar e-mails com a imagem de um cruzeiro de gays num navio chamado “Sócrates”. Quero lá saber se o juiz Alexandre faz férias ou não, se em vez de estar com a mulher prefere os processos ou se ganha muito em horas extraordinárias.

O Caso Marquês começa a ser um monstro insuportável, já nem sequer importa se o Sócrates esteve um ano em Évora só para divertimento dos magistrados que deixaram de ter três meses de férias escolares, já não tenho paciência para me irritar porque em Portugal os juízes de instrução passaram a ser líderes das investigações, quer lá saber se há por aí algum tarado interessado em escutar Carlos Alexandre. Deve ser uma seca, o a conversa mais erótica que se deve ouvir nos seus telefonemas é “Maria, no próximo sábado chego a casa a tempo do jantar!”.

 Ainda por cima os intervenientes são um enjoo, a Procuradora-Geral prega-me um susto sempre que a vejo na televisão, o Alexandre gosta de dar um ar de arqueado com o peso das responsabilidades e mais parece o Corcunda de Notredame, o Rosário fuma que nem um desalmado e quando aparece na televisão lembra um calhambeque com asas voando no meio das nuvens.

O mais grave é que esta tortura nacional vai durar mais um bom par de anos, entre adiamentos e julgamentos ainda vamos ver uma sessão de tribunal com Sócrates a queixar-se de bicos de papagaio por causa de tanto correr, o juiz com Alzheimer depois de ter fundido os neurónios com tanto trabalho e o Rosário carregado de uma garrafa de oxigénio por causa do tabaco.