domingo, setembro 18, 2016

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Carlos Alexandre, auto-intitulado saloio de maçã

Ficou evidente a manobra de Carlos Alexandre, começa por dar uma entrevista na SIC onde lança a sua candidatura a uma vida política, faz declarações impróprias de um juiz e provoca um pedido legítimo de afastamento por parte da defesa de José Sócrates. cinco dias depois si uma entrevista em que se vitimiza, dizendo que o querem afastar. Na prática apela ao povo para que o defenda, quer passar de saloio de Mação a herói da clientela do Calcitrin.

«O juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), disse acreditar que o querem afastar do cargo que ocupa, incluindo arguidos dos casos que tem em mãos, numa entrevista publicada hoje pelo jornal Expresso.

"Acredito que me queiram afastar de tudo, deste sítio onde estou a trabalhar. Não estou a pensar em nenhuma em concreto, mas há pessoas que gostariam de me ver longe daqui", disse em resposta a uma pergunta dos jornalistas Rui Gustavo e Pedro Santos Guerreiro.

Questionado sobre se estava a falar de arguidos que investiga, Carlos Alexandre respondeu: "Não sei. Há sempre interesses. Já tive incidentes de recusa nos processos e não interpreto isso como uma tentativa de afastamento".» [DN]

 Uma musiquinha dedicada ao saloio de Mação


 Dúvida

Alguém está a ver um livro pornográfico escrito por jornalistas como o Ferreira Fernandes sobre a vida sexual seja de quem for a ser apresentado por António Costa?

 O juiz pobre e o arguido rico

 photo juiz_zpsgie4mmog.jpg

 Dúvidas que me atormentam a alma

Não acredito que a AT tenha mandado uma equipa de inspectores questionar a esposa do juiz Carlos Alexandre, ela própria chefe de um servlço de finanças. Não acredito porque nunca ouvi algo parecido, porque esse não é o procedimento e porque um mero atraso na entrega de uma declaração não resulta nesse procedimento.

Se tal sucedeu é muito grave, se tal não sucedeu é porque o juiz é mentiroso. Se fosse possível apostar colocaria todas as fichas na segunda hipótese. Mas isto não deve ser motivo de apostas, a verdade é para saber e na próxima segunda-feira deve ser decidida uma sindicância a ser conduzida pela IGF para que não haja dúvidas.

Que seja feita a sindicância e que se faça com os seus resultados aquilo que habitualmente se faz com os processos que passam pelas mãos do juiz Alexandre, que sejam publicadas nos jornais.

Desta vez o juiz Alexandre pode ter metido o pé na argola.

      
 O crime de José António Saraiva
   
«Chamaram-lhe "o livro proibido". O epíteto indicia mais que ironia: se o autor, eventualmente incapaz, não sabe que o que escreveu e deu à estampa é criminoso e portanto proibido, a editora, decerto juridicamente acolitada, não pode ignorar. E se mesmo assim avançou foi porque, sopesando riscos e vantagens, achou que compensava.

Entendamo-nos: há muita gente que está a afetar muito escândalo e choque com o crime de Saraiva e da Gradiva mas vai salivar a ler. É da natureza humana, como quando há desastres e gente atropelada por comboios e se formam filas de curiosos; é como as encostas repletas de mirones à espera dos afogados depois da queda da ponte de Entre-os-Rios. Desde que sejam de outros a dor, os mortos e as vísceras até dá para tirar fotos e partilhar no Facebook.

É com isso que Saraiva e a Gradiva - a Gradiva, editora que acreditava séria, tendo feito nome a publicar ensaios e livros técnicos - contam: com o impulso voyeurista e necrófilo. E, claro, com a ideia de que "os políticos" e "as figuras públicas" têm de se submeter a todas as devassas. Com a ideia de que "merecem", "se puseram a jeito"; com a ideia "que mal tem?" ou "já toda a gente sabia."

As pessoas foram-se habituando a pensar assim: é isso a cultura tabloide, a cultura do boato e da insinuação, das revistas ditas "cor-de-rosa", a cultura que faz crer que toda a gente tem "o direito" de saber da vida privada e íntima dos "poderosos", comentá-la, ter opinião sobre ela, numa espécie de vingança, de compensação, de ajuste de contas. O terreno estava preparado. Tão preparado que um ex primeiro-ministro aceitou - e reiterou a aceitação, mesmo depois de confrontado pelo DN com algumas das passagens mais repelentes - apresentar o crime. Dar a cara por ele. Ser cúmplice, coadjuvante, membro da quadrilha.

Como combater isto? Como reagir? O mais terrível é que para denunciar o crime é preciso dizer, nem que seja de raspão, porque é que é crime. O que lá está. Porque é que é nojo, pestilência, asco. E isso penaliza aqueles - ou a sua memória, no caso dos mortos, e portanto os seus próximos sobrevivos - de cuja vida íntima se fala, cujas alegadas confidências se revelam. Até ao proceder nos tribunais contra este atentado será preciso invocar o que sobre si ou sobre o familiar morto se diz - estão a ver a perversidade? É que é esta a natureza deste crime: não há forma de combatê-lo que não passe por difundi-lo, por repeti-lo, e assim reiterá-lo e permitir-lhe o triunfo. Como se quem denuncia o roubo da sua casa fosse obrigado a abri-la a toda a gente e a dessa forma permitir que lhe tirem o que os primeiros ladrões não levaram. Como se alguém que foi violado fosse forçado, para fazer queixa, a novas e sucessivas violações.

Todos os que até agora denunciaram, com as melhores da intenções e imbuídos da mais justa indignação, o crime de Saraiva e da Gradiva tiveram de dar elementos para que quem lê possa ter uma ideia da gravidade do crime. Para convencer, sensibilizar, alertar. Posso escrever este texto sem detalhes nem exemplos porque houve quem o fizesse. Mas sei que, mesmo sem eles, poderá ainda assim ser publicidade. Serve para quê, então, escrever isto? Não era melhor o silêncio? Não era melhor a indiferença? A dúvida é legítima. Só posso dizer o que me leva a escrever: quero estar do lado certo da batalha. Quero frisar, anunciar, bradar que isto que Saraiva e a sua editora fizeram é crime. E que é, apesar de tanto do género já ter sido publicado, o passar de uma fronteira. Nunca antes, à exceção de um episódio com imagens vídeo de sexo dadas à estampa numa revista de número único, há uns 30 anos, se foi tão longe na deliberação da devassa gratuita da intimidade, sem qualquer outro objetivo que não o de devassar, ferir e lucrar com isso.

Escrevo para dizer isto: não se enganem, ou estão contra eles ou estão com eles. Esta é uma daquelas situações em que há mal e bem, claramente definidos, e é preciso escolher. Cada livro comprado é uma vitória do mal; como cada história partilhada, cada sorrizinho com as 'revelações', cada piadola sobre o que ali vem. Tentem imaginar que é com vocês; que é a vossa mãe cujas alegadas revelações íntimas ali foram vertidas, que foram inconfidências de um amigo, de um irmão, que ali foram parar. Há naquele livro revelações sórdidas sobre pessoas que desprezo, que desconsidero, que acho até execráveis. Mas nisto, aqui, quero estar, estou, do lado delas. Neste combate, estarei sempre do lado de quem é exposto na sua intimidade, enxovalhado, de quem vê palavras suas em alegadas conversas privadas reproduzidas para lucro - não esquecer, estes calhordas querem ganhar dinheiro -, de quem é ferido pela venalidade amoral das 'revelações'.

Esta publicação pôs-nos no limiar de uma nova era. É connosco se damos o passo em frente ou defendemos, até ao último, a muralha. Para que as trevas não vençam.» [DN]
   
Autor:

Fernanda Câncio.

      
 Se a conclusão é do Tea Party português
   
«Nos anos da crise (2009 a 2014), os portugueses perderam em média 116 euros mensais, uma quebra que afectou especialmente as famílias mais pobres, com quase um terço dos trabalhadores por conta de outrem a ganhar menos de 700 euros mensais.

Os dados fazem parte do último projecto da Fundação Francisco Manuel dos Santos, chamado "Portugal Desigual" e que faz "um retrato das desigualdades dos rendimentos e da pobreza no país" entre 2009 e 2014.

A Fundação pretende, com dados estatísticos, mostrar quem perdeu mais nos últimos anos de crise, se a classe média ou os mais ricos ou pobres. E mostra que foram os mais pobres.

Os números indicam que de 2009 a 2014 os rendimentos dos portugueses tiveram uma quebra de 12% (116 euros por mês), mas mostram também que os 10% mais pobres perderam 25% por cento do rendimento enquanto os 10% mais ricos apenas perderam 13%.» [Público]
   
Parecer:

Quem não deve concordar com estas conclusões é Daniel Bessa, esse economista de segunda linha que ganhou notoriedade por ter sido ministro das Economia do PS e que desde então vive à custa disso. Esse economista foi há poucos dias dizer na universidade dos catrios da JSD que o governo de Passos Coelho tinha ajudado os mais pobres.

Esse descarado pegou na lata da graxa e declarou para os putos que "se alguma coisa o governo de Passos Coelho fez nos quatro anos em que teve de governar a anterior geringonça foi cuidar dos mais pobres" [DN]. É preciso ter lata!Prova-se agora que o senhor sabe tanto de economia como este Jumento sabe de lagares de azeite.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «»
  
 Despacho escondido com rabo de fora
   
«Afinal, o prazo de 180 dias dado pela Procuradora-geral da República para uma eventual conclusão do processo "Operação Marquês" pode já ser revisto no final do ano. No despacho que estabeleceu aquela meta, Joana Marques Vidal referiu - algo não divulgado num comunicado da Procuradoria-geral da República - que "decorridos 90 dias", o diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Amadeu Guerra, deverá apresentar-lhe um relatório com o progresso da investigação, "tendo em vista, designadamente, a reponderação" dos tais 180 dias estabelecidos.

Contas feitas, entre o Natal e o fim de 2016 a responsável máxima pelo Ministério Público poderá chegar à conclusão que os 180 dias (seis meses) não chegam para fechar a investigação e, eventualmente, acusar José Sócrates e os demais arguidos da "Operação Marquês". Tendo em conta a dimensão que o processo está a tomar (ver infografia), depois de ultrapassado o prazo de 15 de setembro, estipulado por Amadeu Guerra, o próprio diretor do DCIAP não se comprometeu com nova data concreta, colocando - tal como dispõe a lei - a decisão nas mãos de Joana Marques Vidal.» [DN]
   
Parecer:

É evidente que esta investigação vai prolongar-se até estudar todos os documentos da Torre do Tombo. O argumento dos terabytes é uma treta, basta um computador apreendido ter um par de filmes gravado no disco para haverem terabytes de informação.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Tenha-se dó da senhora pois está a fazer um papel difícil de encenar.»

 É melhor um pássaro na mão
   
«O tabu da candidatura à Câmara Municipal de Lisboa está lá mas Pedro Santana Lopes continua a dizer que a sua “intenção” é “cumprir o mandato” na Santa Casa da Misericórdia até ao fim. Ou seja, até março de 2019. Em entrevista publicada este sábado no Diário de Notícias, o provedor da Santa Casa e ex-líder do PSD afirma que quer “levar por diante” os projetos que tem a seu cargo. Esta semana, num lanche de celebração dos seus cinco anos como provedor, junto da equipa mais próxima, citou Zeca Afonso para dizer “venham mais cinco”.

Depois de a presidente do CDS, Assunção Cristas, ter anunciado, no sábado, a sua candidatura à câmara de Lisboa, numa precipitação que foi lida por muitos como uma forma de pressionar o PSD, Santana Lopes não desfaz totalmente o tabu que mantém aceso desde que, em abril, subiu ao palco do congresso do PSD, em Espinho, a pedir aos sociais-democratas para se manterem “cool” em relação às autárquicas. “Keep cool”, disse na altura. Desde então o PSD tem estado em suspenso, à espera de Santana, não avançando com outros nomes para Lisboa. Mas Santana parece estar a fugir cada vez mais.» [Observador]
   
Parecer:

largar o tacho a troco de uma candidatura com poucas probabilidades de vitória não é a praia de Santana Lopes.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 O autor é ele, não sou eu, diz Passos
   
«O livro de “mexericos da vida sexual de políticos”, como o apelidou Carlos César, do ex-diretor do semanário Sol, José António Saraiva, já entrou para o debate político. À mesma hora em que, o líder parlamentar e presidente do PS aludia ao facto de Pedro Passos Coelho ter aceitado o convite para apresentar (ou “apadrinhar”) a obra, no próximo dia 26 de setembro, o líder do PSD respondia sobre o tema. Numa visita a Proença-a-Nova, Pedro Passos Coelho distanciou-se do conteúdo do livro, mas manteve-se firme na intenção de o apresentar. “O autor é ele, não sou eu, não vou defender o livro nem as suas perspetivas”, disse, sublinhando até que ainda não teve “oportunidade” de completar a leitura da obra.

“O arquiteto José António Saraiva convidou-me para o lançamento do livro, eu disse que sim até antes de conhecer a obra, que é dele não é minha. Aceitei fazê-lo e não sou de voltar com a palavra atrás, nem sou de me desculpar e dar o dito pelo não dito“, começou por dizer o ex-primeiro-ministro quando questionado sobre o desconforto que o assunto estava a levantar nas hostes sociais-democratas.» [Observador]
   
Parecer:

Um dia destes o Passos vai apresentar um livro de fotografia pornográfica e vai justificar-se dizendo que o modelo não é ele.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»