sábado, setembro 17, 2016

O jornalista, o juiz e o assessor

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Houve um tempo em que o país ficou abalado quando o arquitecto Tomás Taveira viu os seus segredos de alcova serem tornados públicos, meio país estava indignado enquanto o outro meio país queria saber quais eram as senhora de sociedade que passaram pela esquadria do estirador do famoso arquitecto. Aos poucos o assunto foi esquecido e nunca mais se soube de grande coisa, aqui e ali se ia dizendo qualquer coisa, como sucedeu com uma cantora do grupo Doce, mas pouco mais.
 
Eis que passados tantos anos é outro arquitecto, este convertido em jornalista, que agita ou tenta agitar o país com segredos de alcova. Mas desta vez o autor não fala da sua alcova, aproveita-se de inconfidências de terceiros, alguns deles falecidos e enterrados há muito, para  parecer grande a falar das alcovas dos outros.

O juiz assegura que também sabe os segredos de meio país, ainda que pareça muito preocupado porque outros quererão saber dos seus segredos, neste caso não devem ser d alcova pois entre horário normal e horas extraordinárias o homem nem deve ter alcova. Mas podemos estar descansados pois ao contrário do arquitecto convertido em jornalista, este juiz que parece converter-se em político assegura que os segredos de que teve conhecimento estão na posse de um homem bom, honesto e cheio de boas intenções.

Quem parece não ter tido as melhores intenções ao revelar os seus segredos foi o assessor Lima, neste caso um jornalista convertido em arquitecto de filha de putices, ainda que com o estatuto de assessor presidencial de um senhor do Algarve, região onde o saloio dá lugar ao adjectivo montanheiro. Pois nesta vaga de concorrentes da casa dos segredos paralela à da TVI o assessor é o mais pobre em segredos, mas não quis deixar de dizer presente neste ambiente de deboche político em que se transformou um país onde a política é feita com segredos.

Por coincidência, ou talvez não, Passos Coelho está presente nestes três momentos tristes da vida política portuguesa. Apresenta o livro do arquitecto, foi o grande beneficiário da destruição do seu maior adversário político, bem como dos jogos sujos do assessor presidência.

Durante décadas a PIDE investigou, espiou e escutou quem quis e lhe apeteceu mas raramente fez uso dos segredos para humilhar, destruir ou condicionar os opositores políticos. Agora são figuras secundárias, uma espécie de lúmpen da classe política que usa os segredos para engrandecimento pessoal, o país parece estar nas mãos dos gargantas fundas.