sexta-feira, setembro 02, 2016

Uma boa notícia

O JN  fez manchete com a notícia de que o PS está falido e, coisa incrível, anda a pedir dinheiro aos seus dirigentes para pagar as suas contas. Compreendo a preocupação jornalística dos rapazolas daqueles jornais, num tempo em que Durão Barroso anda todo lambuzado com o dinheiro da Goldman Sachs, quando os altos dirigentes do PSD metem as mãos no pote das financeiras londrinas que negoceiam as nossas dívidas, o natural seria o dinheiro escorrer do Largo do Rato até à Av. Da Liberdade.
 
Até acho que a senhor Procuradora-Geral devia mandar instaurar um inquérito pois tal situação é tão fora do normal que pode indiciar algo de estranho e como nos últimos tempos ninguém do PS pode fazer xixi fora do penico sem que seja logo investigado é uma boa oportunidade para fazer um rastreio ao PS e a todos os que se relacionem com este partido. Se no Caso Freeport a suspeita resultou da celeridade do processo, então uma falência de um partido no poder, ainda por cima o partido mal-amado por magistrados, é um motivo de suspeita.
 
Que o PCP fique com parte dos vencimentos dos deputados, que o BE faça rifas, tudo isso é normal, o que não é normal é que partidos como o CDS, o PSD e o PS andem a fazer peditórios, não há memória de tal vergonha. É um escândalo imaginar o António Costa telefonando a um deputado do PS dizendo-lhe “É pá, quando receberes o vencimento manda 100€ aqui para o Rato pois já estamos sem água e temos de mijar no jardim!”.

Compreende-se o desespero na redacção do JN e de muitos dos nossos jornais, sem escândalos e com a TVI e o CM a cegar primeiro a tudo quanto seja paulada, facada ou tiro só lhes resta vasculhar nos arquivos e encontrar algo que ajude a vender mais uns jornalecos, antes que a crise do PS também lhes bata à porta.

Mas se um partido que está no poder atravessa dificuldades financeiras e pede contributos aos seus militantes, começando pelos seus dirigentes, para acorrer às despesas isso é uma ao notícia. Uma má notícia seria saber que um dos bancos que costumam financiar as iniciativas sindicais também pagasse as despesas das deslocações e iniciativas do secretário-geral do PS, que por acaso é primeiro-ministro.

[Observador]