terça-feira, setembro 20, 2016

Umas no cravo e outras na ferraduras


  
 Jumento do dia
    
Paulo Ferreira, articulista no Observador

Costumo ter o cuidado de distinguir jornalistas de meros comentadores, os primeiros têm um compromisso com a verdade, os segundos tendem a interpretar a realidade segundos os seus valores. Os primeiros trabalham com uma matéria primam chamada verdade, os outros sentem-se no direito de redesenhar a sua realidade. E quando o jornalista Paulo Ferreira, que até foi director de informação da RTP, tendo a ter confiança, sob pena de ter de duvidar do que lhe ouvi ao longo da carreira.

Quando leio Paulo Ferreira escrever no Observador:

«Que Mariana Mortágua se sinta suficientemente irresponsável para pedir a mudança de regime económico não é uma surpresa. Chocante é que os socialistas tenham irrompido em aplausos. Que PS é este?»

Fico preocupado, aliás, muito preocupado, uma militante da extrema-esquerda foi na qualidade de convidada a uma conferência do PS, pediu a esse partido uma mudança do regime económica e os presentes, entre eles suponho que importantes personalidades do PS, terão aplaudido, pior e mais grave, terão irrompido em aplausos. Imagino a cena, Mariana Mortágua terá dito "vamos assaltar o Palácio de Inverno e a a plateia levantou-se em histeria e berrou "bora já!"

Não se tratou de um aplauso de circunstância, como o que se ouviu na universidade de verão do CDS, no final de intervenção da ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, ou de um  aplauso a uma medida de política económica ou mesmo de uma consideração sobre as desigualdades que terá merecido a concordância da plateia. Não, a plateia de gente do PS entrou histeria quando Mariana Mortágua os desafiou para mudar o regime.

Sendo assim é o partido que deu a cara pela democracia (outros faziam declarações de apoio ao MFA) que, de um dia para o outro, se transformava na quinta coluna da extrema-esquerda.

Compreendo a preocupação de Paulo Ferreira, fiquei tão preocupado que procurei até ao desespero por imagens de vídeo, já que não me recordava da cena minuciosamente descrita pelo jornalista, procurei, vasculhei pelo Google, fiz buscas nos sites de todas as televisões e não rever a cena da plateia irromper em aplausos perante o apelo à evolução comunista, descrita por Paulo Ferreira. Enfim, fico à espera que Paulo Ferreira me ajude a ver o que ele viu, talvez até concorde com todo o seu artigo, escrito com base numa verdade que me escapou.

 O Saraiva tem seguidores

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Parece que a luta partidária é uma luta em que vale tudo, incluindo o recurso a insinuações dignas do livro de José António Saraiva que será apresentado pelo homem de palavra de Massamá. O deputado do PSD Sérgio Azevedo não tem o mais pequeno pudor em recorrer á política de esgoto para atingir de forma pouco digna o seu colega João Galamba. E como achou graça à piadola de mau gosto fá-lo em duas páginas, no seu Facebook pessoal e numa página de admiradores de Passos Coelho, uma página do Grupo Independente de apoio a Passos Coelho, tão independente que o deputado está lá para animar as hostes.

Quando o presidente do partido vai sugerir que se compre um livro que mete nojo é de esperar que alguns deputados sigam o modelo de pensamento do livro do director do Sol.

 Este lagarto também ia sendo atropelado



No mesmo Grande Prémio de Singapura ia sucedendo o mesmo a um comissário de pista...

 Léxico da direita portuguesa

Cortar vencimentos ou aumentar o IRS a quem trabalha é uma grande reforma económica, cobrar impostos a quem é rico é um assalto fiscal.

 Ainda que mal pergunte

Anda por aí muita gente a dizer que quem manda no governo é a Mariana Mortágua, só porque defendeu uma alteração fiscal que está a ser debatia na preparação do OE para 2017. E quando marques Mendes, a alcoviteira do regime, antecipava tudo o que o governo ia fazer na sua comunicação domingueira ao país era o Ganda Nóia que mandava no governo pafioso?

 Coitadinhos dos chineses

O que mais impressiona na posição da direita portuguesa, incluindo o senhor da CIP que antes de enriquecer era do PCP, é a sua generosidade. Não estão preocupados porque os mais ricos vão ser vítimas de mais um assalto fiscal, logo a eles que estão fartos de pagar impostos, os mais ricos que, afinal, são a razão de ser da existência dos partidos de direita. A sua grande preocupação é para com os chineses, que por causa de um imposto que pode chegar aos 3% vão comprar casa para outro lado.

Isto é, o imobiliário de luxo teve aumentos especulativos de preços bem superiores a 3% e o negócio é tão bom que os intermediários devem ganhar comissões bem superiores a 3%. Mas podemos ficar descansados, não são os lucros do imobiliários nem as comissões aos políticos que metiam cunhas para agilizar processos que fazem fugir os coitados dos chineses, é o tal imposto que provoca a debandada.

Até o Ganda Nóia, que para ajudar os chineses alinhou numa empresa especializada no negócio, está preocupado com os chineses, agora designados por investidores estrangeiros. Tanta preocupação generosa quase me faz sentir as lágrimas nos olhos.

      
 Uma causa nossa, não de esquerda nem de direita 
   
«O livro de José António Saraiva é mau. E é tal a unanimidade que muitos acham que é necessário cuspir em quem marcha ao lado deles. "Este tipo também não gosta do livro do Saraiva?! Aqui, comigo?!" Compreende-se a reação de enxotar imprevistos vizinhos: passamos a vida a insultá-los e ao apanhá-los companheiros de causa, mesmo que breve, faz-nos duvidar das nossas ideias sobre o tal livro mau. Um parêntese: talvez se surpreendam do "mau", adjetivo quase branco. Mas é o apropriado, porque não devíamos tratar este grave assunto com gritos. Não estamos habituados a ele. Devemos tratá-lo de forma simples como com aquilo no chão que não queremos que o bebé toque: "Não, não toca", ensinamos, abanando veemente a cabeça. Fecho parêntese. O livro ser mau, como a coisa suja no chão, explica a unanimidade. Todos percebemos que seria pior o mundo se perdêssemos a nossa tradição de não escrever livros como o do Saraiva. Não tenham ilusões, vamos perder. Há dias, o cronista João Lopes denunciou, aqui no DN, a nossa falta de atenção ao desumano dos reality shows. O livro do Saraiva é dessa família, tem o efeito corruptor da Endemol, mas desta vez os humilhados não são pobres diabos. Por atingir políticos levou à tal reação posterior à unanimidade inicial: "Tu, aqui? Mas antes não disseste nada..." Reação tola, porque as vítimas são de todas as cores. E o Saraiva não é de esquerda nem de direita, é só o autor de um livro mau. Contra nós.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.

      
 Estaremos a comer mercúrio?
   
«Os golfinhos da costa portuguesa têm níveis mais elevados de mercúrio do que a maioria na restante costa europeia, segundo a investigação de uma equipa de biólogos da Universidade de Aveiro, divulgada esta segunda-feira.

A quantidade desse metal pesado altamente tóxico para a saúde, e cujos valores presentes nas populações nacionais de golfinhos foram investigados pela equipa de biólogos da Universidade de Aveiro (UA), só é mesmo ultrapassada pelas espécies que habitam nas costas dos mares Mediterrâneo e Adriático.

“Podemos estar perante um “potencial problema, associado ao mercúrio no ecossistema marinho em Portugal”, alertam os investigadores da Universidade de Aveiro.» [Observador]
   
Parecer:

Parece que sim.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investigue-se a presença de mercúrio na alimentação.»
  
 Temos artista
   
«Um pastor visionário. A personagem, admite o realizador Luís Miguel Jardim, foi desenhada com régua e esquadro para Alberto João Jardim. O histórico político social-democrata de 73 anos, presidente do Governo Regional da Madeira durante quase quatro décadas, integra o elenco do filme O Feiticeiro da Calheta, que está actualmente a ser rodado no arquipélago. Jardim está afastado da política, mas não dos holofotes.

Apesar de não ser o protagonista da história, Alberto João Jardim é uma das atracções da película, que estreia no início do próximo ano e retrata a vida de João Gomes de Sousa, autodidata e poeta popular madeirense, homem alto, magro e de bigode, nascido em 1895 e falecido em 1974, defensor do Estado Novo.» [Público]
   
Parecer:

Digamos que o homem mudou-se das palhaçadas para a sétima arte.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»