quinta-feira, setembro 01, 2016

Vamos tentar perceber

Uma economia cresce quando se consomem mais bens nela produzida e isso sucede se aumentam as exportações, aumenta a procura devido a novos investimentos ou se os consumidores gastarem mais usando para isso os seus rendimentos, as suas poupanças ou o crédito.

Uma redução das exportações pode resultar de uma quebra na procura externa, alheia a quaisquer políticas internas. Se não ocorreu um aumento dos salários do qual resulte uma perda de competitividade e as exportações diminuíram isso sucede porque a procura externa diminuiu devido a factores exógenos. Se as exportações estagnaram isso pode resultar do esgotamento da capacidade de produzir o que significa que no passado não se investiu. Além disso, podem ocorrer circunstâncias especiais, como paragens de refinarias ou de fábricas de automóveis, coimo, aliás, sucedeu.

Uma redução da procura interna pode ser consequência de uma redução da procura do Estado ou dos consumidores. Se o défice é reduzido em relação ao do ano passado daí resulta uma diminuição da procura interna. Se, por outro lado, as exportações estagnaram ou diminuíram isso significa menos rendimentos e menos procura. Restava que ocorresse um crescimento motivado pelo investimento.

Como se sabe o governo anterior levou o investimento público a quase zero e isso significa que o crescimento da economia depende quase em exclusivo dom investimento privado e esse também se reduziu quase a zero. Por outro lado, o investimento depende do financiamento por parte do sistema financeiro e o último governo deixou o sistema financeiro descapitalizado com um banco, o BANIF, falido e outro a CGD, à beira da intervenção.

Seria interessante se a futura candidata à liderança do PSD Maria Luís viesse explicar se a situação de quase estagnação da economia resulta da política seguida desde Abril ou se em tão pouco tempo, com os constrangimentos orçamentais que ela própria exige e com uma situação externa adversa os magros resultados do crescimento devem ser imputados a este governo ou à sua própria acção enquanto ministra das Finanças.