Passos Coelho previu a ocorrência de uma desgraça durante o mês de Setembro e fê-lo com ar de quem sabia o que se riria passar, mas, apesar de algum nervosismo que se sente para os lados da bancada do PSD, nada ocorreu. Passos Coelho não está, nem é parvo de um todo, ainda que aparente alguns sinais de loucura ainda não enlouqueceu, o líder do PSD tinha de estar ou de ter sido convencido de que algo de desagradável poderia empenar a gerigonça durante este mês.
Não sendo mestre em meteorologia, aliás, não é mestre de nada a não ser, talvez, em canto, o líder do PSD parecia saber do que estava a falar, parecia saber do que estava a falar. O único acontecimento relevante para o seu tipo de preocupações só poderiam ser as contas públicas, Passos sabe que se a geringonça sobreviver às exigentes meta orçamentais os seus dias estarão mais do que contados. Se isso suceder será a própria oposição interna à liderança do PSD que sairá da penumbra.
A desgraça anunciada por Passos só poderiam ser más notícias orçamentais contidas na execução orçamental. Usando o seu estatuto de presidente do Conselho de Finanças Públicas, uma coisa que não existe, Teodora Cardoso começou a dramatizar, a seguir veio o representante do FMI informar que já não se iria a tempo de evitar uma desgraça, algumas agências de notação iriam rever a avaliação da situação portuguesa, durante quase um mês o PSD colocou um segundo debate na ordem do dia. Faltava a cereja em cima do bolo, uma execução orçamental desastrosa.
Passos sabia do que falava, os seus consultores, por ele próprio já referidos, acompanhavam a situação com especial cuidado e já lhe teriam dito que as coisas iriam de mau a pior. Passos Coelho tinha toda a razão e sabia muito bem do que falava, a execução orçamental do mês de Agosto, que divulgada em Setembro, poderia ser a desgraça à muito desejada. Em dificuldades, com as sondagens em queda e os apoiantes a desertar, Passos precisava de falar para os seus, «não fujam, vem aí a desgraça que há tampo tempo desejávamos!».
Passos sabia do que falava, os seus consultores, por ele próprio já referidos, acompanhavam a situação com especial cuidado e já lhe teriam dito que as coisas iriam de mau a pior. Passos Coelho tinha toda a razão e sabia muito bem do que falava, a execução orçamental do mês de Agosto, que divulgada em Setembro, poderia ser a desgraça à muito desejada. Em dificuldades, com as sondagens em queda e os apoiantes a desertar, Passos precisava de falar para os seus, «não fujam, vem aí a desgraça que há tampo tempo desejávamos!».
Passos Coelho falava da armadilha que ele próprio, com a ajuda preciosa de Paulo Núncio, Paulo portas e da máquina do CDS, montaram ainda quando era primeiro-ministro. Entre reembolsos de IVA adiados e o aumento exponencial dos reembolsos do IRS, tudo poderia ter descambado quando tivessem encerradas as contras das declarações de rendimentos do IRS de 2015, o que ocorre em Agosto, com a liquidação do imposto para os contribuintes que têm outros rendimentos, para além dos do trabalho e das pensões.
Passos Coelho pensava ter matado dois coelhos com uma cajadada, teve folga orçamental para iludir a realidade em 2015, ludibriou os portugueses com a promessa do reembolso da sobretaxa e sobrecarregou as contas de 2016 com os reembolsos do IVA e do IRS. Se ficasse no poder seria um desvio colossal que conduziria à desejada crise política que lhe permitia ir de novo para eleições. Com alguma sorte ocorreria o desejado segundo resgate, que lhe permitira governar mais uma legislatura sem respeitar regras constitucionais, concretizando os desejados despedimentos no Estado, a consolidação dos cortes de vencimentos e das pensões.
Só que os especialistas que convenceram Passos Coelho de que vinha aí uma desgraça estavam enganados, erraram nas contas e não perceberam o que se estava a passar na economia, sendo surpreendidos com a evolução das receitas fiscais. Ficaram de tal forma desiludidos que agora insinuam uma fraude nas contas públicas, o que aconteceu nunca poderia ter acontecido. Compreende-se a desilusão dos mais próximos de Passos, que certamente estavam informados do que aí viria.