sábado, setembro 03, 2016

Estás dispensado

Passos Coelho que, como se sabe, é um homem cheio de boas ideias em matéria de orçamentos do Estado, fez mais uma das suas birras de primeiro-ministro no exílio e boicotou a geringonça, recusando-se a apresentar propostas na discussão do orçamento. Diz ele que os orçamentos são coisa do governo e por isso a geringonça que se amanhe e pela forma como fala até ficamos com a sensação de que sem as suas sugestões ficamso desgraçados, o esganiçado Rangel até vai dizer aos pirralhos de Castelo de Vide que vem aí o segundo resgate, só não sabemos se é um resgate financeiro ou um segundo episódio de "O resgate do soldado Ryan".

É uma pena, o país perde os contributos do brilhantismo intelectual da Maria Luís, como os deputados do PSD estão no parlamento só para roçar as suas belas bundas pelas cadeiras a ex-ministra das Finanças pode reservar as suas vastas capacidades para ajudar o patrão inglês a ter lucros. Há qualquer coisa de errado num parlamento onde há deputados que reservam as suas capacidades para as empresas onde trabalham, comportando-se no parlamento como deputados não executivos, que só lá vão  para receberem a gorjeta paga pelos contribuintes.
  
Mas, sejamos honestos, ainda bem que Passos Coelho não propõe nada, no pressuposto de que da cabeça daquela pobre alma sai alguma coisa além de frases feitas e discursos escritos por assessores, o mais provável é que as propostas do líder do PSD fossem mais adequadas para um governo chileno dos tempos do Pinochet do que para um país europeu. Desde que o falecido António Borges lhe de umas ideias que o homem só pensa em desvalorização fiscal e apesar de a economia ter batido no fundo com as suas ideias insiste na mesma estratégia.
  
Passos Coelho pode andar por aí inaugurando escolas e feiras do roteiro autárquico do PSD, dando ares de primeiro-ministro e usando a sua bandeirinha como se fosse o emérito presidente Passos. Todos sabemos quais seriam as suas propostas, seriam cortes na função pública para depois dizer que o sector privado teria de baixar salários e fazer o seu ajustamento, aumentar o IRS para financiar reduções no IRC, aumentar contribuições sobre o trabalho e cortar nas despesas sociais para baixar a TSU dos patrões.
  
Portando, ainda bem que o bruxo de Massamá não faz propostas, não só já sabemos que não tem ideias novas como as que tem ainda são aquelas que aprendeu com o falecido. Está dispensado.