sexta-feira, setembro 30, 2016

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Mário David, deputado europeu e lobista entalado

O eurodeputado conseguiu o que queria, levar Kristalina a entrar na maratona da escolha do futuro secretário-geral da ONU, só que agora terá de dar a cara e assumir as consequências. Dizer que é estranho à notícia do apoio de Barroso a Kristalina só merece uma gargalhada, não havia mais cidades europeias onde levá-lo a passear?

«Em declarações ao Expresso, Mário David confirma que "há mais de três anos" que trabalha no projeto da próxima rival de Guterres, e confia que "vários chefes de Estado e de Governo da região têm-se consciencializado de que só o aparecimento de uma nova candidata forte lhes poderá acalentar a esperança de a região não perder a oportunidade de ficar com o lugar". E o envolvimento de Barroso na história? "Foi um dano colateral", afirma David, que classifica de "delírio" a notícia do jornalista búlgaro ("há muito suspeito de incentivar a candidatura de Bokova") que pôs Durão a apoiar Kristalina. (...)

Georgi Gotev, o autor da notícia, escreveu no Facebook: "Dois portugueses, Barroso e Mário David, a fazer jogo duplo." E explicou: o objetivo seria eliminar Irina Bokova, a candidata oficial da Bulgária ao mais alto cargo da ONU, que o jornalista refere como "a mais forte", mesmo contra Guterres "Elementar, Watson", concluía o jornalista. (...)

Mário David é apontado como muito influente a Leste e o seu papel visto como de grande importância para uma candidatura desta região. Recusando ser um lobista: "Nunca fui, nem sou", o ex-vice-presidente do PPE garante que o apoio que dá a Georgieva "é obviamente não remunerado". Sobre o seu não apoio a Guterres, sublinha que quando começou a trabalhar com a búlgara, o ex-primeiro--ministro socialista ainda não era candidato à ONU ("iria ser o candidato presidencial do PS"), e também recorda que quando Durão se candidatou a presidente da Comissão Europeia houve "eurodeputados do PS, PCP e BE que fizeram gala em afirmar que votariam contra". "Não recebo lições de patriotismo de ninguém", afirma. Quanto à sua alegada proximidade à Rússia de Putin, cujo voto é determinante para a eleição do próximo secretário-geral da ONU, Mário David lembra que acaba de ser eleito em Washington para a direção de uma Fundação presidida por Bill Clinton. O lóbi diplomático é um mundo.» [Público]

 Agradecimento

A esta hora António Guterres deverá estar profundamente grato a Passos Coelho, pela preciosa ajuda que este lhe deu para mobilizar o apoio do Partido Popular Europeu à sua candidatura. Percebe-se agora, da forma mais "Kristalina" como Passos Coelho usou a sua grande influência junto da direita europeia, para não falar na Comissão e junto de Juncker, influência que tantas vezes disse que a geringonça não tinha.

O cinismo disto tudo é que enquanto Passos sorria dando ares de que estaria a dar provas da sua capacidade de apoiar alguém da esquerda, os sesu eurodeputados andam na sombra a preparar a candidatura do PPE. Isto faz lembrar a famosa candidatura de António Vitorino a presidente da Comissão Europeia, também apoiada por Durão Barroso, então líder do PSD. Enquanto dizia que estava trabalhando na candidatura de Vitorino aproveitava a boleia para lançar a sua própria candidatura.

 João Miguel Tavares, cliente do Metro


Desta vez concordo com o articulista da direita portuguesa, a qualidade dos serviços do Metro são como ele os descreve. São ainda piores do que ele parece conhecer, se experimentar a linha verde em horas de ponte veria que teria de recorrer a um palavrão para os descrever de forma mais precisa.

Mas esconder a causa e dizer que já não há austeridade e por isso o dinheiro deveria escorrer pelas paredes dos túneis do metropolitano é tudo menos ser honesto. O articulista sabe muito bem que ultimamente não choveu assim tanto em Lisboa, infelizmente choveu pouco e nunca foi vinho, quanto mais dinheiro, como parece que o senhor sugere.

Considero-o um homem inteligente e fico desiludido quando usa o Metro para propagar a nova estratégia de Passos Coelho, exigir tudo e mais alguma coisa, à grande e à francesa, com o argumento de que acabou a austeridade, para no diz seguintes fundamentar a austeridade, exigir o seu regresso e acusar o governo de não cumprir metas orçamentais.

O desespero pode ser muito, mas ver gente inteligente reagir como os menos dotados é frustrante. Sejamos sérios, uma coisa é ser militante partidário e achar que vale tudo no debate político, pouco importando a verdade, outra é escrever um artigo de opinião que não basta ser supostamente sério, deve sê-lo mesmo.

Em que comboios andava JMT Tavares quando o governo piorou a qualidade do Metro, a que hospitais ia quando os portugueses morriam nas salas de espera das urgência, em que escolas andava quando o governo aumentou a turma para dimensões de rebanho? Parece que JMT andou a viajar na última legislatura, ou terá andado a assobiar para o ar?

«Se alguém tivesse dúvidas de como este país roça por vezes os limites da indigência política, económica, sindical e mediática, o actual estado do Metro de Lisboa estava aí para o provar. Embora eu corra o risco de desiludir todos aqueles que estão convencidos de que sou um beto de Cascais com motorista e caddie, a verdade é que passo a vida a andar de metro. E desde que vim para Lisboa, há 26 anos, não me recordo de algum dia o serviço de metro ser tão mau como é actualmente.

(...)

Felizmente, a página de austeridade foi virada. Não tivesse sido, e o estado miserável em que a empresa se encontra, com comboios impedidos de circular por falta de peças, dever-se-ia a um ministério das Finanças obcecado com o défice, por se recusar a abrir a bolsa para as despesas mais elementares. Como a austeridade acabou, nada disto se passa. O povo é sereno. E, mais importante do que tudo, o metro é nosso. Antes uma empresa pública parada do que uma privada a funcionar.» [Público]

      
 Para ajudar ao debate sobre as escolas
   


«Divya, uma menina indiana, vai todos os dias à estação de comboios da cidade de Orai, na Índia para estudar e fazer os trabalhos de casa por não ter luz elétrica em casa.

Esta informação é confirmada no The Logical Indian. A mesma fonte garante que a jovem vive sem eletricidade perto da estação. A fotografia desta jovem tem sido partilhada nas redes sociais e tem comovido os cibernautas que elogiam a determinação da jovem.

A foto de Daniel Cabrera também se tornou viral. Uma criança filipina estava a fazer os seus deveres escolares à noite, ao lado do restaurante para aproveitar as luzes do letreiro.» [Observador]
   
Parecer:

Apetece perguntar em que lugar do ranking das escolas estará a escola desta menina. Quanto ao ranking da escola não sei, mas aposto que ela estaria no topo do ranking dos nossos estudantes, ela e milhares de crianças do nosso meio rural e da periferia das cidades que não fazem ideia do que são as t-shirts amarelas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 Não se afundem em Veneza, venham a Lisboa
   
«Todos os dias chegam a Veneza 60 mil turistas em navios de cruzeiro. Para uma cidade pequena, onde vivem cerca de 55 mil pessoas, os efeitos são dramáticos e têm levado a uma degradação crescente das condições de vida, alertam vários grupos de ativistas. No domingo passado, dezenas de venezianos e ambientalistas organizaram um protesto num dos principais canais da cidade, durante o qual gritaram contra os cruzeiros e os turistas que se aproximavam.» [Observador]
   
Parecer:

Enquanto se multiplicam os hotéis e quando pedem aso indígenas para se apresentarem em trajes tradicionais, em Veneza estão fartos deles.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Que venham.»

 Relvas aceitou deixar de ser sotôr
   
«Afinal, Miguel Relvas desistiu de recorrer da decisão judicial que lhe retirou a licenciatura. O mediático caso do diploma do antigo governante social-democrata não ficará, ainda assim, por aqui: é que a Universidade Lusófona não se conformou com a decisão tomada pelo Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa no final de Junho passado, que declarou nulo o acto de atribuição do grau de licenciado a Miguel Relvas e, ao contrário do seu antigo aluno, interpôs recurso da decisão judicial.

O advogado do ex-ministro e braço direito de Pedro Passos Coelho, Castanheira Neves, não dá grandes explicações sobre as razões que levaram o seu cliente a desistir de tentar recuperar o grau académico. Limita-se a dizer que a sentença lhe é “favorável quase em absoluto”. E o próprio Miguel Relvas também se escusa a dar mais esclarecimentos, remetendo-os para o advogado. Revela apenas que a Universidade Lusófona irá recorrer.» [Pública]
   
Parecer:

Ainda bem, por esta altura já podia ter um doutoramento.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»