domingo, setembro 18, 2016

Semanada

Esta foi a semana em que figuras secundárias, o refugo da democracia portuguesa, decidiram chamar a si o protagonismo político, usando para isso os segredos . Carlos Alexandre sabe tudo e se abrisse a boca cairia o Carmo e a Trindade, o Fernando Lima sabia o que há muito todos sabíamos, que Cavaco Silva não era grande coisa, mas optou por nos dizer isso com o ar de quem está a revelar um grande segredo. Agora é um tal Saraiva que nos vai contar os segredos sexuais da secção política do Cemitério dos Prazeres.

O que não é segredo para ninguém é que em Portugal só paga impostos quem trabalha. O dinheiro dos pobres só é bom quando é convertido em receita fiscal que possa ser usada em incentivos ao investimento, o dinheiro dos ricos não deve ser colectado porque é investimento. O Pais rico ficou indignado, não por terem de contribuir um pouco para a austeridade que tanto apoiam, mas porque estão preocupados com meia dúzia de chineses ricos que compraram casas de luxo em troca de liberdade de circulação na Europa. A nossa direita não para de nos surpreender com tanta generosidade.

O pessoal do Caso Marques decidiu relacionar os negócios do BES com Sócrates  e pediu mais uma temporada para investigar. A Procuradora-Geral decidiu dar mais seis meses e para evitar discussões daqui a seis meses decidiu dar um voucher de mais seis meses para o caso dos investigadores poderem entreter-se mais uns tempos. D seis em seis meses vamos acabar por deixar de discutir as “provas” generosamente divulgado nos jornais oficiais do MP, para começarmos a fazer apostas sobre quem vai morrer antes da acusação, se Sócrates que parece estar em forma, se o Rui Teixeira que fuma que nem um desalmado ou se o Carlos Alexandre que anda a ser perseguido por forças ocultas, incluindo inspectores do fisco.

Passos Coelho insiste em apresentar o livro da pornochachada dos políticos com o argumento que não foi ele que escreveu o livro, mas sim o jornalista que tanto o tem apoiado e quem não poderia dizer que não. O problema é que não costumam ser os autores a apresentarem os seus livros e quem o faz é para elogiar a obra e não as qualidades políticas do jornalista. Enfim, Passos não conhece o ditado “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”.