Independentemente do que as considerações morais, políticas ou jurídicas que possam ser feitas sobre o que os magistrados e seus assistentes privados no processo Marquês decidiram tornar público uma coisa é certa, os magistrados podem a qualquer momento destruir moralmente qualquer político, não lhes faltam meios para saber os seus segredos de alcofa, nem jornalistas e patrões da comunicação social que os queiram tornar públicos.
Antigamente eram os militares que promoviam e executavam os golpes de Estado, estes eram feitos com tiros e tanques. Agora parece que os tiros são dados pelas canetas dos magistrados e a tropa de infantaria formada por soldados analfabetos foi substituída por jornalistas que em vez da arte da guerra aprenderam a arte da gramática para serem mais eficazes nas batalhas da “filhadeputice”.
Dantes muitos governos democráticos estavam condicionados pela chantagem dos militares e isso ainda hoje sucede em muitas partes do mundo, é o caso de países como o Paquistão, o Myanmar, o Paquistão ou a Tailândia. Mas também já á países onde o poder político é refém dos magistrados, veja-se o que está sucedendo no Brasil, onde deputados e governantes são demitidos ao ritmo desejado pelos juízes.
Por cá, as ameaças dos magistrados ao poder não são novidade, há alguns anos a associação sindical dos juízes exigiu ter acesso a todas as despesas feitas pelos membros do governo, feitas com recurso ao cartão VISA oficial. A ideia era apanhar um ministro que tivesse comprado um par de cuecas com dinheiro dos contribuintes e tramar um governo que tinha acabado com o regime de férias escolares dos juízes e que tinha feito um corte de 10% nos vencimentos. Aliás, o próprio Carlos Alexandre se queixou na entrevista dada à SIC dos cortes decretados por Sócrates, como se todo o seu sofrimento para pagar as contas fosse culpa de Sócrates, provavelmente não ouviu Cavaco queixando-se de que as pensões já não davam para as despesas, o que se compreende, o pobre magistrado só trabalha.
Há pouco tempo uma magistrada muito mediática foi a uma estação de televisão avisar que vinha aí uma limpeza, uma espécie de praga do Egipto que apenas atingiria os corruptos, tranquilizava os honestos dizendo-lhes podiam ficar descansados, porque não seriam atingidos pela purga bíblica. Agora, foi o próprio juiz Alexandre que avisou o país de que sabia de muitos segredos, mas que podíamos ficar descansados. Como os segredos envolvendo crimes contam de processos que mais tarde ou mais cedo são públicos, os perigosos segredos que estão ao cuidado da bondade do juiz Alexandre só poderão ser o refugo dos processos, isto é os segredos de alcofa, mais ou menos o tipo de segredos com que os magistrados têm tentado destruir José Sócrates.
Enfim, os políticos estão avisados, ou se portam muito bem e não incomodam quem não deve ser incomodado, ou se portam muito em ou ficaremos a saber os seus segredos mais pecaminosos, e o país pode enfrentar uma ambiente de devassa como em tempos sucedeu, quando se ficou a saber das amantes do Tomás Taveira.