O PSD está transformado num calhambeque conduzido por um motorista desterrado, a pobre viatura quando não está sem gasolina, anda aos solavancos, quando não dá estouros fura um pneu. Parece que ninguém se oferece sem o conduzir e cada vez são menos os que embarcam nele. Passos pensou que a geringonça ia encravar e, afinal, é o seu calhambeque que está à beira de gripar.
Passos apostou e falhou. Apostou que mesmo sem maioria absoluta governaria, podendo gerir a agenda política até poder lançar uma crise e ir a eleições antecipadas, até contou com a ajuda de Cavaco, mas falhou. Apostou que a geringonça não aguentaria, pelo que lhe bastaria andar a fazer de primeiro-ministro no exílio, porque mais tarde ou mais cedo o poder ser-lhe-ia devolvido, mas falhou. Apostou que a política económica ida geringonça iria conduzir a um segundo resgate, até adivinhou que setembro seria o mês da desgraça, mas falhou.
Passos Coelho falhou em tudo, falhou nos papéis que já representou, desde primeiro-ministro no exílio a fazer de morto, falhou na aposta de um segundo resgate, falhou na crença de que a geringonça não se entenderia no OE para 2017. Passos Coelho é um falhado e isso vê-se em todo o lado, vê-se no silêncio de um Marco António que desapareceu, vê-se na fuga do seu vice para a OCDE, vê-se quase todas as semanas na queda do PSD nas sondagens.
Passos falhou e o PSD está mirrando, é um partido sem projeto, sem personalidades de peso, um partido liderado por um Passos sem grandes qualidades que só trás atrás de si figuras secundárias e o apoio da extrema-direita chique do Observador, que ainda não arranjou melhor alternativa.
Passos é um líder político que já morreu, mas que se esqueceram de enterrar, é uma alma penada da política portuguesa, anda por aí, inaugurando escolas, visitando feiras, assustando a geringonça, até que Marques Mendes, Rio ou qualquer outra santidade do PSD se digne fazer-lhe o enterro, que todos desejam e pelo qual todos esperam.