quinta-feira, novembro 17, 2016

A intoxicação

Dantes, a manipulação da opinião pública fazia-se com mais minutos de televisão para a direita, com um melhor enquadramento das imagens dos comícios, com uma ou outra manipulação de notícias. Mas os anos vão passando, o grau de escolaridade dos portugueses melhorou, os eleitores são cada vez mais cultos, já não bastam os truques do tempo das camionetas carregadas de eleitores arregimentados por caciques, agora é necessário intoxicar a opinião pública.

Distintos professores que se juntam a Medina Carreira para credibilizar as patacoadas desta personagem, tudo fazendo para desvalorizar os indicadores do crescimento económico. São falsos economistas, gente que não sabe distinguir uma taxa de crescimento dos graus celsius, conduzindo programas da SIC Notícias. São jornalistas de economia convertidos em porta-vozes dos sectores mais extremistas do FMI. É uma autêntica alcateia atacnado tudo o que não cheire a direita.

A direita e, em especial, a extrema-direita chique de Passos Coelho tem-se multiplicado em truques para controlar a intoxicação da opinião pública, o objetivo é a desvalorização do parlamento, a criação de posições supostamente técnicas e independentes para bombardear os governos que não sejam de direita. Veja-se o caso dessa coisa que é o Conselho Superior de Finanças Públicas, no tempo de Passos a sua presidente Teodora Cardoso foi a mais extremista dos apoiantes da pinochetada económica, durante 2016 foi a mais feroz crítica do governo, as suas previsões eram dignas do Medina carreira, ainda hoje é a única voz a protestar contra o OE para 2007, como se todos estivessem enganados menos ela.

Agora o PSD propõe outro truque, desta vez para intoxicar a opinião pública com as suas teses sobre a Segurança Social, propõe uma comissão de peritos independentes. Já se está a ver, mais umas Teodoras Cardoso a exigirem cortes nas pensões. É claro que propõe a participação dos famosos “parceiros sociais”. E o que são parceiros sociais? É uma central sindical parcialmente controlada pelo PSD, uma central sindical que representa a maioria dos trabalhadores sindicalizadas mas é ignorada e mais meia dúzia de associações patronais.

Mas como os parceiros sociais ainda deixavam espaço e tempo de antena, pois ninguém tem paciência para ouvir o Saraiva de manhã à noite, inventaram-se umas associações amigas, a associações do patrões casados, a dos patrões solteiros, a dos patrões católicos, a dos patrões chefes de família, a dos patrões coxos, a dos patrões do norte e a dos patrões do sul. Mas como há por aí um outro noutro traste de quem ainda se pode aproveitar qualquer coisa, criaram-se coisas como o Fórum da Competitividade.

Mas, apesar de toda esta intoxicação, dos Paulos Ferreiras e dos Jorges Ferreiras, Dos Fernandos e das Garridos, dos Duqes e dos Avelinos, dos fóruns e das cips, da associação das famílias numerosas e dos patrões chefes de família, a opinião pública lá vai resistindo, a geringonça lá vai subindo nas sondagens e contra todas as rezas e macumbas a economia até vai crescendo.

Portanto podem multiplicar associações, substituir o parlamento pela Teodoras, atirar panfletos com aviões pagos pelos colégios, apelar às charias do cardeal, porque apesar de toda essa alcateia os portugueses ainda não vão ressuscitar o governo pafioso.