A CIP, agora designada simpaticamente por “parceiro social” não é parceiro e muito menos social, seja de quem for, foi criada para defender os interesses dos seus associados e os seus interesses medem-se em lucros para as empresas. Existe por juntos os patrões têm mais força do que sozinhos.
Com os sindicatos sucede o mesmo, existem para defender os direitos dos seus associados, genericamente é usual que os sindicatos defendem os trabalhadores, mas a verdade é que os sindicatos defendem os seus trabalhadores, os trabalhadores que supostamente representam e, por vezes, o egoísmo vai ao ponto de defenderem apenas os seus associados. Veja-se o que aconteceu ainda recentemente na TAP, os sindicatos que assinaram um acordo com o governo da direita tentaram restringir os benefícios desse acordo aos seus associados.
Ainda bem que trabalhadores, empresas, moradores, viajantes, condutores, famílias ou qualquer outra forma de representação coletiva de cidadãos que pretendem defender os seus interesses, uns mais egoístas que outros, se organizam. Só lhes fica em que afirmem sempre terem objetivos coletivos, escondendo os seus interesses mais egoístas, até podemos designá-los de forma simpática como parceiros sociais.
Nos últimos anos os parceiros sociais estiveram muito na moda, na incapacidade de impor as políticas extremistas aos partidos com representação parlamentar inventou-se uma democracia, onde os políticos cediam lugar aos representantes dos “parceiros sociais”. Aconteceu, então, um estranho fenómeno, do lado dos trabalhadores sempre houve apenas dois parceiros sociais, do doutro lado assistiu-se a um fenómeno procriativo. Quando se fala em sindicatos fala-se da CGTP e da UGT, mas no que se refere às empresas tínhamos as confederações setoriais mais umas associações de quem ninguém tinha ouvida. Apareceu, por exemplo, a associação das empresas familiares e ninguém teve a ideia, porque podia muito bem ter aparecido a associação dos empresários canhotos.
A direita tornou-se, de repente, uma admiradora da democracia representativa e agora leva mais longe esta manobra velhaca. Vai ouvir os tais parceiros sociais opondo as suas propostas às da maioria dos deputados, aqueles que os portugueses elegeram para os representar. A direita acha que eu devo aceitar as regras orçamentais ditadas por um tal Saraiva que eu não elegi para nada, foi eleito por empresários para defender os seus interesses, se necessário em prejuízo da maioria dos portugueses.
Dantes havia quem opusesse à maioria parlamentar uma maioria nas manifestações de rua, inspirada no PCP a direita quer opor á maioria dos portugueses representados no parlamento, dois ou três senhores que representam algumas centenas de empresários. Querem que o OE seja pervertido, que seja um OE feito pelos empresários transvestidos em parceiros sociais para defesa dos seus próprios interesses, no falso pressuposto de que são as empresas que representam a economia e deve ser esta a ter o primado na elaboração do OE.