O país quase parou quando os americanos elegeram Donald Trump, foram-lhe dedicados mais artigos e análises do que a Marcelo rebelo de Sousa, de um dia para o outro o país encheu-se em especialistas do sistema eleitoral americano, desde o Vítor Bento ao pessoal do Observador, todos explicavam a vitória de Tump. A Trump só Pedro Dias, o fugitivo de Arouca, parecia fazer frente, as televisões mais sérias davam prioridade ao americano, a CMTV e a TVI24 preferiam o arouquense.
Mas de um dia para o outro o país esquece Trump e Pedro Dias, uma simples escarreta com cheiro a cigarro electrónico pôs fim às preocupações em relação ao futuro d mundo, bem como ao medo do presumível homicida. A questão deixou de ser do domínio da política u da polícia, passou a tratar-se de uma grande dúvida sobre física, será que a escarradela do presidente do Sporting estava no estado físico ou no estado gasoso? A que parece, se a cuspidela foi projectada para as fuças do adversário não há motivo para ofensa, a cuspidela só assume a ofensa grave sob a forma de escarreta se for projectada no estado líquido.
Durante horas a fio as televisões repetiam até à exaustão as imagens dos corredores do estádio de Alvalade, todos vimos os passos que deram os calcantes castanhos de Bruno de Caralho, quantas vezes o presidente do Arouca abanou a cabeça a pedir reforços, quantos segundos os gases foram retidos nas goelas do Bruno. De um dia para o outro este é o grande problema pessoal.
Se num mundo da bola são as cuspidelas do Bruno que nos preocupam, no mundo da política o debate é igualmente em torno de temas dignos de uma cuspidela. O país, desde Marcelo a Costa o da Assunção Cristas ao exilado de Massamá, todos pararam à espera de saber se o António Domingues vai cuspir uma declaração de rendimentos ou escarrar uma demissão da administração da CGD. Não importa se a CGD caminha para a falência ou quanto nos pode custar o buraco no banco público, o país político está preocupado com mais esta cuspidela.
Quem também anda a precisar que lhe ofereçam um escarrador, utensílio que no passado nenhum balcão público dispensava é o pobre do exilado de Massamá. Neste fim-de-semana foi a mais uma sessão domingueira de cuspo ao alvo e desta vez as vítimas foram o seu ódio especial, os funcionários públicos. Vejam lá, ouvia-se na escarradela desta pobre personagem, que os funcionários públicos são gente tão miserável, que só por receberem mais 25 cêntimos, o que dá para comerem um papo-seco, estes desgraçados vão a correr para as mesas de voto, votar na geringonça em sinal de eterna gratidão pró tanta generosidade. No caso desta cuspidela do exilado de Massamá não há dúvidas sobre se estava no estado líquido ou gasoso, foi mesmo uma escarreta das mais porcas que já vimos.