Os eleitores do reino Unido votaram pelo Brexit e dias depois manifestações de jovens questionavam a decisão eleitora na qual não participaram mas que condicionaria o seu futuro, muito para além da morte dos que condicionaram esse futuro com o seu voto. Uma maioria de idosos decidiu o futuro de um país pensando unicamente no seu conforto imediato. Voltamos a ver esta indignação em relação a um resultado eleitoral por parte dos mais jovens, em muitas cidades dos EUA manifestações questionam uma decisão eleitoral em que a maioria não se revê.
Já aqui chamei a atenção, no decurso de algumas campanhas eleitorais, para o facto de os candidatos visitarem muitos lares de idosos, nunca passando por uma escola primária. É óbvio que os nossos políticos sabem que vivemos numa sociedade de idosos e que os jovens não votam. Fora das eleições usam e abusam das escolas, nas campanhas eleitorais ignoram-nas, ou se não o fazem é para-a conseguirem votos com oportunismo, como sucedeu com as promessas de Passos de financiar os colégios privados.
Longe vão os tempos da nossa ingenuidade democrática, quando os eleitores discutiam o que seria melhor para o país e votavam em função disso, quando os políticos pensavam de igual forma e nem lhes passava apresentar programas se uma única verdade. Veja-Se o que aconteceu com Passos Coelho, ganhou eleições recorrendo apenas a mentiras, selecionou os alvos das suas medidas de austeridade mais duras tendo em consideração as orientações eleitorais, governou em função de interesses, como foi o caso da banca.
O que Trump fez nos EUA foi o mesmo que fez Passos enquanto governante, são políticos que orientam a sua ação em função dos resultados eleitorais e não têm quaisquer escrúpulos em destruir a vida daqueles que não votam neles. Esta forma de estar na política está conduzindo as eleições segundo a lógica do voto egoísta, cada um avalia as consequências dos seus votos na sua declaração de rendimentos ou nas mordomias que o Estado lhe proporciona.
O voto deixou de ter uma abordagem coletiva, ninguém está pensando nos mais desprotegidos, no que é melhor para o coletivo ou mesmo no futuro dos filhos ou netos. É o voto decidido em função do interesse imediato, segundo a lógica de quem vota e não fica com a melhor parte ou é estúpido ou não tem arte, é um voto egoísta. É cada vez mais o voto de idosos egoístas, que não votam em função de um futuro que já não será seu, é o egoísmo levado a extremos.