Quando o PSD andou nas ruas da amargura, nos tempos de Manuela Ferreira Leite, que se falava na refundação da direita e de um novo programa para aquele partido. Mas a crise financeira entregou o poder a Passos Coelho e Paulo Portas sem que estes tivessem de dizer ao qu vinham ou, pior ainda, ganhando as eleições mentindo de forma premeditada.
Significa isto que hoje ninguém sabe o que é o PSD, sabe-se que existe, que tem muitos militantes, que conta com algumas personalidades de quem se pensa serem possuidores de quotas privilegiadas, mas não tem nem programa, nem projecto. Para se saber o que “pensa” o PSD tem de se perguntar a Passos Coelho, mais ninguém pode falar ou pensar por um partido sem programa. Não serve de nada perguntar a Marco António, Montenegro ou Maria Luís Albuquerque, não só têm apenas umas leves ideias sobre os mais variados temas de interesse, como são gente que só gosta de repetir o que o chefe fala.
Se lermos Rui Ramos e outros do Observador ficamos com uma ideia mais próxima do que Passos pensa ou, par se ser mais preciso, para sabermos o que Passos vai pensar depois de também os ler. A autonomia intelectual de Passos é diminuta e desde que Miguel Relvas o abandonou que o líder do PSD pouco mais é do que aqueles trejeitos faciais que faz quando julga estar a dizer algo de engraçado.
A geringonça ajudou a clarificar a vida política do país, agora há uma esquerda e dentro dessa esquerda há várias sensibilidades e abordagens diferentes dos problemas. O fim dessa falsidade ideológica a que chamam centro teve a virtude de criar uma clivagem clara entre a esquerda e a direita, das formas de pensar e de governar. O problema é que a lógica de Passos Coelho e de Assunção Cristas continua a ser a de recear tornar público o que pensam, são de direita mas gostam de se afirmar como um bloco central.
Na direita não há diferenças de projectos, na hora de dizerem ao que vêm são todos muito politicamente correctos, Passos Coelho é “social-democrata sempre” e a Assunção cristas partilha os bons valores dessa coisa estranha que é a “doutrina social da igreja”. Ninguém é mais conservador ou liberal, são todos bonzinhos. Querem ganhar os votos da esquerda e da extrema -direita, não assumindo o que pensam nem propondo aquilo que gostariam de ver implementado por um governo.
A direita de Passos é um deserto de ideias e no seu caso pessoal de inteligência, não há propostas, não planos nem programas.