A ideia de que as autárquicas são favas contadas para o PS pode vir a custar muitas autarquias a este partido, É certo que a direita vai perder as eleições se os resultados globais e distritais forem analisados como se os eleitores estivessem a escolher deputados. Só que nas autárquicas escolhem-se autarcas e isso significa que a esquerda pode ter mais cem mil votos em Lisboa sem que daí resulte pouco mais do que uma freguesia, ao mesmo tempo que perdem muitas presidências de câmara por dezenas de votos e por vezes ainda menos votos.
Uma coisa são os resultados nacionais e outra são os locais. O BE é o terceiro maior partido no parlamento mas quase não existe no plano autárquico, enquanto o PCP, com muitos menos votos, é o terceiro maior partido nas autarquias. As políticas nacionais do PS podem colher mais simpatias do que as propostas da direita, mas ao nível dos aparelhos partidários locais as diferenças entre as lideranças locais está mais ao nível das "famílias" do que dos projectos políticos. São muito maiores as diferenças na capital do que na província e nesta um má escolha do candidato significa a derrota.
Um sintoma óbvio da fragilidade das estruturas locais do PS é a vaga de imbecis dignos da prosa mais irónica de Eça de Queiroz que se declaram sotôres na hora de preencher a ficha que será publicada no DR. É um sinal do peso do aparelho na hora de fazer escolhas, bem como da sua qualidade intelectual. Quando alguém escreve no currículo que se inscreveu num curso superior mas não apareceu por falta de tempo é porque se perdeu a noção do ridículo e o grau de exigência de quem controla esta gente é, no mínimo, descuidado.
A euforia das sondagens vai levar muitos caciques locais a convencer-se de que poderão fazer as suas piores escolhas porque a vaga eleitoral lhes permite ganhar, independentemente da má qualidade dos candidatos. Isso será um erro crasso. E Lisboa a quase totalidade dos eleitores «votam sem conhecer s listas, uma boa parte vota em função do cabeça de lista e não dstingue a fregueia, da câmara, como não se interessa sequer em saber quais serão os vereadores, votam como se estivessem escolhendo um mini Presidente da República. Nas centenas de pequenos concelhos não é assim.
A euforia das sondagens vai levar muitos caciques locais a convencer-se de que poderão fazer as suas piores escolhas porque a vaga eleitoral lhes permite ganhar, independentemente da má qualidade dos candidatos. Isso será um erro crasso. E Lisboa a quase totalidade dos eleitores «votam sem conhecer s listas, uma boa parte vota em função do cabeça de lista e não dstingue a fregueia, da câmara, como não se interessa sequer em saber quais serão os vereadores, votam como se estivessem escolhendo um mini Presidente da República. Nas centenas de pequenos concelhos não é assim.
Sou de uma terra onde durante muitos anos as eleições se decidiam entre maiorias absolutas do PS e maiorias absolutas do PCP. Mas o PCP insistiu em candidatar controleiros políticos ao mesmo tempo que o PS propunha,e voltava a propor alguém que ninguém podia ver na frente e quando desistiu candidatou o filho para ver se enganava os eleitores. O resultado foi uma maioria absoluta do PSD. Foi devido a candidaturas de mortos vivos que o PSD perdeu uma boa parte do sotavento do Algarve,
Os grandes partidos autárquicos têm uma forte tendência para o apodrecimento e em terras onde a escolha de um presidente de câmara se pode decidir por uma dúzia de votos o excesso de confiança resulta em derrotas. A queda da direita nas sondagens ao nível nacional dá ânimo a muitos mortos-vivos que ficam convencidos de que a aversão a Passos leva os eleitores a votarem neles. No meu caso nunca votaria nos últimos dois candidatos derrotados em Vila Real de Santo António e da mesma forma muita gente daquele concelho nunca votará.
PS: Em relação a Lisboa gostaria de dizer a Medina que um bocadinho de respeito pelos cidadãos não lhe fazia mal nenhum. Percebo que as obras são necessárias e o turismo faz falta a Lisboa, mas ter de passar pelo meio de obras onde não se respeita tem de andar a pé ou apanhar com uma paragem de autocarros de turismo junto à janela do emprego, obrigando um cidadão a trabalhar todo o ano com luz artifical para que o barulho seja suportável e o gabinete não fique cheio de CO2, são motivos mais do que suficientes para uma abstenção.