Seria muito mau para a credibilidade da esquerda se a Geringonça gripasse em 2016, depressa se diria que a esquerda só se une para reverter políticas da direita, sendo incapaz de se reunir em torno de um projecto para o país. O PCP e o BE seriam confirmados como partidos que trocam as utopias pelo bem-estar dos portugueses e o PS estaria condenado a conseguir maiorias absolutas se pretende governar.
É possível manter a identidade de cada parte e encontrar plataformas comuns que não ponham em causa cada projecto a longo prazo. Basta que o PCP não veja a política com o fundamentalismo religioso e que o BE pare de brincar às sondagens eleitorais. Em relação ao PS seria muito mau se ultrapassada a crise financeira e com uma boa posição nas sondagens, optasse por se comportar como um investidor bolsista, provocando eleições para capitalizar as mais-valias obtidas.
As sondagens provam que Assis não representava os eleitores do PS, não só estes apoiaram o governo do PS, como eleitores que votaram na direita manifestam agora a intenção de votar no PS. Não deixa de ser curioso que aqueles que no passado diziam que a Geringonça seria a desgraça do PS, acham agora que o PS devia tirar proveito da situação, como se isso ajudasse na sua afirmação.
Espero que 2017 seja o ano 2 da Geringonça, assim como vou desejar que 2018 seja o ano 3, os acordos merecem o respeito das partes e as legislaturas são para chegarem ao fim, antecipar eleições só para confirmar ganhos eleitorais ou como manobra oportunista de separação daqueles que viabilizaram o governo não é o que os eleitores desejam. Tais jogos políticos poderão merecer uma boa mesa de leitão assado, na Mealhada, não favorecem a credibilidade da esquerda,.
Espero que o governo se comporte ainda com mais competência do que em 2016, que o PCP e o BE deixem para mais tarde a afirmação das suas diferenças que todos conhecemos e que os ministros não digam muitos disparates ou os assessores deixem de dizer que têm os cursos que não tiraram. A esquerda e o país só têm a ganhar cumprindo o dever de governar durante a legislatura, sem jogos ou golpes e com negociações séria e entre pessoas, mesmo sendo negociações difíceis, dispensam-se as sandes de courato das feiras de gado.