Para os que foram excluídos por Passos Coelho 2016 foi um ano bom, foi o fim da perseguição aos funcionários do Estado e do cisma grisalho, foi o abandono de uma política económica assente em preconceitos sociais e com as medidas de austeridade orientadas segundo critérios de ódio pessoal do primeiro-ministro.
Um ano sem a chantagem permanente de um governo que usava a troika pra governar á margem da lei constitucional, sem uma presidência servil e empenhada em diminuir a oposição, ao mesmo tempo de ignorava a obrigação de cumprir e fazer cumprir a Constituição. Marcelo pode ter os seus tiques pessoais, mas trouxe às instituições um ambiente de normalidade.
Já ninguém se lembra de Cavaco Silva, o tal que se dizia um institucionalista mas que transformou Belém num capacho de Passos Coelho. Acabaram-se os discursos do “eu disse”, “eu avisei”, “eu escrevi”. Acabaram-se as escutas a Belém e as manipulações da comunicação com recurso às “fontes de Belém”. Acabou-se o ambiente de pressão cobre a oposição para a realização de falsos consensos, acabaram-se as reuniões com a oposição tuteladas por homens de mão do presidente.
O país vive em ambiente de normalidade democrática e iss é muito bom, depois daquilo que se passou. Mas não chega, a este governo exige-se mais, diria muito mais do que a reposição da tranquilidade democrática. A este governo exige-se que governe muito bem, só assim o país sairá do lodaçal em que uma crise financeira e um governo extremista o meteram.
Para muitos 2016 continuou a ser um ano de austeridade quase brutal, a verdade é que os que desde 2008 mais sofrem medidas de austeridade continuaram a suportá-las em 2016. Mais grave, vão continuar a suportar austeridade em 2017. Mas pior do que isso é o facto da economia não crescer, ou de crescer poucochinho como o próprio primeiro-ministro admitiu no programa “Governo Sombra”.
2016 foi um ano mau para os que continuaram a suportar a austeridade, para os desempregados, para os que continuaram a emigrar. 2017 não vai ser muito diferente. Não tenhamos ilusões, mesmo cumprindo as metas orçamentais sem orçamentos rectificativos, mesmo adoptando medidas simpáticas para quem ganha menos, o governo vaio ter de governar muito melhor do que fez em 2016.