Quando um banco financia um investimento em acções está colocando o dinheiro para influenciar a gestão de um segundo banco e isso distorce a concorrência. Foi o que sucedeu com o famoso empréstimo concedido pela CGD a Joe Berardo.
Falou-se muito de imparidades e ficou a ideia de que estas se devem em grande parte ao crédito à habitação, o que é falso. A verdade é que os bancos aldrabam as suas contabilidades, mantendo como créditos empréstimos em relação aos quais já não têm qualquer esperança de recuperação. Não só os bancos recorrem a este estratagema como a própria lei favorece esta imensa vigarice nacional.
Fori criado um regime destinado a recuperar empresas, os Processos Especiais de Revitalização (PER) que servem apenas para que empresários pouco escrupulosos consigam iludir decisões judiciais, enquanto os bancos aproveitam para fazer de conta que perdas continuam a ser créditos que contabilizam juros.
Esta imensa vigarice nacional tem servido par que empresários que há muito deviam estar falidos e fora do mercado, continuem a prejudicar empresas competitivas e cumpridoras, reduzindo-lhes a capacidade de crescimento, quando não as levam à falência. Quando se fala de dívidas ao fisco sabe-se que uma boa parte é incobrável, os bancos estão atafulhados de crédito malparado. Mas Os Berardos e todos os que andam no mercado prejudicando terceiros com dinheiro emprestado continuam a fazê-lo.
As imparidades da banca provocaram m duplo prejuízo à economia. Conhecemos o prejuízo que os bancos e, em última análises, os contribuintes tiveram de suportar. Mas há um prejuízo de que ninguém fala, o rasto de empresas que ficaram em dificuldades por causa de empresários que lhes fizeram concorrência desleal, porque beneficiaram de financiamentos que não eram para serem pagos.
As imparidades da banca não passam da parte visível de um imenso iceberg que constitui um perigo par a nossa economia, que destrói boas empresas e que vai apodrecendo a nossa economia. No caso dos negócios da CGD esta concorrência desleal combina-se com os poderes políticos, quer nacionais, quer o dos imensos aparelhos partidários locais que julgam mandar nas autarquias, nas repartições de finanças, nas filiais da CGD em tudo o que seja Estado e dependa de um ministro do partido.