Antes que comece a chuva de lágrimas de crocodilo, com todos a realçarem as qualidade de Mário Soares, é bom lembrar que o fundador do PS foi e é, muito provavelmente, o político português mais odiado pela direita portuguesa, Mais odiado e mais difamado pois dele a direita portuguesa disse de tudo um pouco, que tinha pisado a bandeira portuguesa, que tinha enriquecido com diamantes de Angola, que tinha conseguido muito dinheiro para a sua Fundação, não raras vezes apontada como o diabo do mundo das fundações.
Antes que algumas personagens apareçam a elogiar Soares é bom recordar que ainda há bem pouco tempo havia nas magistraturas algumas virgens ofendidas que defendiam que Mário Soares devia ser perseguido judicialmente por declarações que punham em causa a justiça. Estes marmanjos queriam levar a tribunal um homem com 90 anos a quem a democracia deve tanto. O presidente do sindicato patrocinado em tempos pelo Ricardo Salgado até afirmava que "As declarações do Dr. Mário Soares são absolutamente lamentáveis, são indignas de um Presidente da República, são uma vergonha para o país de que foi o mais alto magistrado".
Não vale a pena falar dos ódios da praga cavaquista a Mário Soares, esses ódios eram quase do domínio psiquiátrico, eram uma mistura de inveja com ódio e dor de corno. Cavaco até chegou a promover a arranjar um secretário de Estado cuja função foi mobilizar o pessoal das telenovelas para fazerem de brigada cultural de apoio ao Cavaquismo.
Durante muitos anos Mário Soares foi o bombo da festa da direita portuguesa, que tudo fez para lhe destruir prestígio, aproveitaram-se da sua idade para o desvalorizarem, para se vingarem do que ele representou em toda a sua vida. A direita nunca lhe perdoará a altivez, o ter olhado para eles de cima para baixo.