Todo este folhetim da presidência da CGD traz-me à memória o velho anúncio Publicitário da aguardente Aldeia Nova, inspirado numa cena do filme português “O Pai Tirano”:
Homem: O que é que te apetece?
Homem: O que é que te apetece?
Mulher: Sei lá, talvez uns pastelinhos de camarão.
Mulher: Sei lá, talvez uns pastelinhos de camarão.
Homem: Vamos nisso, traga-me uns pastelinhos de camarão, muito fresquinhos!
Empregado: Pastéis de camarão não temos.
Mulher: Então dê-me dois copinhos de Aldeia Nova
Homem: O que é que te apetece?
Mulher: Sei lá, talvez uns administradores competentes.
Homem: Vamos nisso, traga-me uns administradores competentes!
Empregado: Administradores competentes e com declaração não temos.
Mulher: Então dê-me o Paulo Macedo mais o Rui Vilar
O país resolveu um problema, encontrou um dirigente competente, habilitado e isento para gerir um grande banco público, mas a direita, apostada em criar dificuldades à gesto do banco, logo encontrou um problema, os vencimentos. Depois, alguém se lembrou de um segundo problema, este bem mais grave, a administração não ia entregar declaração da treta, uma pequena burocracia democrática que em trinta anos não serviu de nada. Aliás, os administradores até entregavam a declaração, mas não aceitavam a sua divulgação.
Caiu o Carmo e a Trindade, até Ferraz da Costa exigia, na TSF com a sua melhor entoação de voz de pintas, a demissão de Centeno. O PSD e Passos viu aí a oportunidade de uma grande vitória sobre a geringonça, esqueceu o OE e durante quase um mês não quis falar de mais nada. Como era de esperar a equipa da CGD mandou governo e oposição à bardamerda, mais a treta da declaração.
A consequência foi escolher um modesto licenciado com grandes aptidões para comunicados de imprensa laudatórios da sua própria pessoa. Todos ficaram contentes, o cardeal já está a preparar a próxima missa de acção de graças requisitada pelo futuro presidente para agradecer a ajuda divina, Passos Coelho tem o seu ministro a mandar no grande banco público, o BE fica contente porque venceu a grande batalha ideológica da declaração depois do seu “compromisso histórico” com Passos Coelho e até António Costa deve estar-se a rir porque tratou o cão com o pêlo do próprio cão.
Este país vai de mal a pior e quando em vez de quererem conhecer os currículos de um gestor de um grande banco os nossos políticos querem conhecer e tornar públicos o seu património só pode ser por estarem parvos ou doidos. O mais grave é que da extrema-direita à extrema-esquerda todos ficaram felizes. Quem não tem não tem razões para festejar tanto oportunismo, tanto jogo baixo, tanto movimento de lóbis, tanta corrupção ética é o país e os portugueses. Com a aproximação do Natal todos precisamos de uns copinhos de Aldeia Nova, nada como sermos tratados como perus para que suportemos tudo aquilo a que assistimos na CGD. Aliás, se é para matar o banco também lhe podem dar dois copinhos de aguardente.