domingo, dezembro 04, 2016

Semanada

Esta foi uma das melhores semanas para a Opus Dei, uma congregação quase secreta que dá grande importância ao controlo da economia por parte dos seus supranumerários e em especial no sector da banca, daí a aposta feita em Portugal com o BCP. O controlo das empresas é a garantia de que os seus terão vantagens na colocação dos produtos ou no emprego dos filhos das suas famílias numerosas, daí o assédio que é feito aos melhores alunos das instituições universitárias católicas. Nesta semana e sem grande esforço de evangelização a Opus Dei trouxe para o seu regaço a quase totalidade do que resta das instituições financeiras nacionais, a CGD e o Montepio, isto significa que os devotos de Josemaria Escrivá de Balaguer terão na sua mão o controlo de uma boa parte do financiamento das empresas portuguesas e uma rede nacional, com mais delegações locais do que igrejas e mais clientes do que devotos. A Opus Dei portuguesa está de parabéns.

A Opus Dei e os seus supranumerários até estão de parabéns, não só conseguiram lançar opas a custo zero sobre o Montepio e CGD, como o conseguiram sem quase não se ouvir um comentário, sinal de que os nossos jornalistas são uns rapazes muito obedientes, não só escondem alguns dados como não se cansam de fazer os mais rasgados elogios aos novos senhores da finança, com  se fossem pequenos deuses da gestão.

Enquanto a Opus Dei deve estar a promover missas de acção de graças por tão grande benesse divina, a maçonaria do PSD deverá andar a chiar, graças ao seu sarrabulho viram escapar-se a maior instituição financeira nacional e ainda por cima são forçados a elogiar a escolha para a liderança do banco público. Daí que Passos já tenha mudado o discurso, agora o problema já não é o vencimento do presidente da CGD e muito menos as promessas feitas ao Domingues, o importante é exigir a prova de que Bruxelas aprovou o maldito refinanciamento da CGD, Mais imbecilidade é impossível.

A propósito de imbecilidade o OE foi aprovado com menos oposição do que uma alteração das multas do estacionamento no Código da Estrada, excitados com a CGD os partidos da oposição ignoraram totalmente o debate orçamental e esqueceram-se da defesa das tais propostas que iam apresentar em nome dos parceiros sociais e que chegaram a ser apresentadas numa sessão ridícula das cortes que Passos Coelho organizou em Albergaria-a-Velha no dia em que o governo usurpador apresentava o OE do governo fantoche da capital.

Quem não aprece dar cambalhotas é o PCP e Jerónimo de Sousa, a morte de Fidel deu-lhes um novo alento e o PCP dedicou o seu congresso ao objectivo único de todos os congressos, pelo menos desde o XX congresso do PCUS, à afirmação de que por mais que o mundo role o PCP fica firme e hirto nos seus valores dos princípios do século XX. Continua a ter um CC com maioria operária, o líder continua a ser um metalúrgico e a ditadura do proletariado é a mais avançada e pura forma de democracia.