É assim que reza o Despacho n.º 15300-A/2016, do secretário de Estado da Saúde, publicado esta terça-feira na Série II do Diário da República, despacho que tranquiliza as consciências do ministério da Saúde, determinado que se faça num par de meses o que não se fez numa década.
Leu bem? Desde o ano de 1990 que o Conselho da Europa recomenda o contrário do que se fazia em Portugal, isso mesmo o ano da graça de 1990, já lá vão vinte e seis anos! Entretanto gastaram-se milhões, perderam-se outros tantos, muitos hospitais não adquiriram equipamentos, muitos portugueses morreram nas urgências, outros tantos doentes doentes de hepatite morreram para poupar em tratamentos inovadores.
Como é que isto foi possível? Que mais cancros como este existirão no sector da saúde? Quantos mais poderes ocultos têm mais poder no sector dos que o poder político, quantos mais senhores mandam nos decisores da máquina do ministério da Saúde, quantos mais barões gerem as ARS em função das ordens de grupos de interesses do sector?
Quando se procurava um homem para a CDG o Dr Macedo apareceu a falar num seminário da Gulbenkian. O homem não é grande orador, nem se lhe conhecem grandes escritos, mas as notícias pouco reproduziram, a notícia rezava que o Dr. Macedo falou sobre corrupção, a mensagem era clara, o grande combatente anti-corrupção falou.
Uns dias depois Passos Coelho divertia-se dizendo que o Dr. Macedo tinha salvo o SNS e agora ia salvar a CGD. Curiosamente, nunca mais se falou do legado no SNS do Dr. Macedo, nem o líder do PSD voltou a referir o seu nome, quase de forma milagrosa a CGD desapareceu dos noticiários, o líder do PSD apressou-se a focar a atenção nos lesados do BES. Antes falar nos lesados do BES do que falar dos lesados do plasma.
É pena que o Dr. Artur Santos Silva não organize mais um seminário na Fundação Gulbenkian para se discutir a corrupção criminosa no negócio do plasma, podia convidar o Dr. Macedo, talvez ele explicasse ao país o que fez para combater a corrupção no seu ministério (não confundir com fraudes nos medicamentos) e com base em que critérios nomeou Cunha Ribeiro para presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo.
Talvez com um seminário dedicado ao tema os portugueses ficassem a perceber melhor os negócios feitos com o imenso orçamento da saúde.