A candidatura autárquica do PSD a Lisboa está transformada numa trapalhada digna dos tempos de Pedro Santana Lopes que acaba por ser um dos artistas principais deste espectáculo pouco digno daquele que é um grande partido autárquico e que espera que o país tenha um azar para que Passos Coelho o salvar.
Pedro Santana Lopes andou uns meses a brincar às autárquicas, testando a sua popularidade e avaliando os apoios que ainda poderá ter no partido. Começou por dizer que não era candidato a nada quando foi reconduzido na Santa Casa, seguro no tacho deu a entender que poderia ser candidato, só para avaliar as suas possibilidades de vitória. Como é melhor ter um pássaro na mão do que dois a voar Santana desistiu, demitir-se da Santa Casa era um grande prejuízo económico e associar-se Passos coelho era um perigo para o que pode restar da sua carreira política.
Passos está acantonado cada vez mais à direita, governou com um programa económico com ideias dignas do Chile de Pinochet e entrou em guerra aberta com Marcelo Rebelo de Sousa. Aos poucos o líder do PSD é um produto tóxico para o centro político e ninguém com bom senso se associa a um líder que começa a parecer doente. Santana percebeu que uma derrota autárquica ao lado de Passos era o seu fim, ficava sem Santa Casa e sem cargo público, teria de viver dos seus modestos comentários na SIC Notícias, o dinheiro mal daria para suplementos alimentares e de alma.
No meio desta confusão a concelhia de Lisboa do PSD faz vídeos imbecis sobre ciclovias e convida um opositor de Passos para elaborar um programa autárquico do PSD. É óbvio que nenhum candidato autárquico se vai dar ao trabalho de ler este programa eleitoral paralelo.
É cada vez mais óbvio que ninguém no seu pleno juízo e com prestígio político se vai juntar à extrema-direita das docas para salvar Passos Coelho de um desastre político. Passos Coelho não é o político corajoso de que alguns falam e tem medo de enfrentar Medida, pondo à prova o seu direito democrático a governar, de acordo com a sua ladainha da vitória eleitoral. No sábado dizia-se que o PSD ia apoiar Assunção Cristãs, dois dias depois já só estão a negociar umas juntas de freguesia.
Nesta tabuada das contas eleitorais, em que Passos tenta encontrar uma solução para voltar a vencer perdendo as eleições o PSD multiplica os tabus, para cada hesitação de Passos Coelho surge um novo tabu.