Faz todo o sentido uma candidatura de Passos Coelho à Câmara Municipal de Lisboa, não lhe caem os parentes na lama pois já lá estiveram um ex-Presidente da República e dois ex-primeiros-ministros, é verdade que estiveram antes de conquistarem esses cargos, mas também é verdade que é esse mesmo o objectivo de Passos Coelho.
É óbvio que Passos está sem generais para se apresentarem como seus candidatos à autarquia de Lisboa e depois de quase ter sido "excomungado" por Marcelo Rebelo de Sousa arrisca-se a não ter também brigadeiros, coronéis ou capitães, tendo de concorrer com algum sargento ou cabo. Passos será sempre o vencedor ou o derrotado em Lisboa, num qualquer pequeno concelho algarvio a derrota de um candidato do PSD pode ser de uma qualquer zanga de comadres, mas em Lisboa é a liderança do PSD que vai a sufrágio.
De um ponto de vista eleitoral, seja ou não candidato a Lisboa Passos será sempre um vencedor se conquistar a câmara da capital e será um derrotado se a perder. Isso só não sucederia se pudesse apresentar um candidato como Santana Lopes, este serviria de "mata-borrão" para qualquer mau resultado. Não sendo candidato Passos será sempre o grande derrotado se o cabo que apresentar perder as eleições, enquanto a sua sombra na oposição, a líder do CDS será sempre vencedora. Se Assunção Cristas perder será sempre elogiada pela coragem que Passos não teve, se tiver um bom resultado humilhará Passos Coelho e muitos dirão que foi a vitória da coragem perante a cobardia. Isto é, se não concorrer e perder Passos será sempre acusado de cobardia.
Mais do que um governo a CML testa as capacidades de gestão de um político, ali não há golpes de asa, não se encontram receitas entrando na ilegalidade constitucional, se for preciso poupar prova-se que se sabe gerir poupando, se for preciso apostar na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos prova-se que é um bom gestor conseguindo esses objectivos sem o desastre financeiro deixado por Santana Lopes.
Se os portugueses não conhecem o verdadeiro Passos Coelho porque ele foi uma marioneta dos extremistas da troika, deixando a ideia errada de que o extremista era ele, então tem na CML a melhor oportunidade para dar forma ao lema que adoptou no último congresso do PSD, "social-democracia sempre".
Se os portugueses foram enganados por António Costa e foram obrigados a suportar um governo que não queriam, como defendeu Passos Coelho durante muito tempo, tem agora a grande oportunidade de provar a sua tese. Em nenhum concelho do país os portugueses escolhem o autarca pensando que estão escolhendo um presidente. Ainda por cima Passos estaria em vantagem ao concorrer com um político muito menos experiente do que ele e com menos exposição mediática, recear perder contra Medina não favorece muito quem quer ser primeiro-ministro. Se o povo acha que Passos devia ser o primeiro-ministro vai confirmá-lo nas autárquicas.
Terá Passos Coelho tanta coragem como alguns disseram durante quatro anos, será que a sua coragem também existe quando está em causa a sua própria pessoa ou só se manifesta neste político corajoso na hora de aplicar medidas duras a terceiros e em especial a grupos sociais ou profissionais de que não gosta e considera estarem a mais no país? O desafio está feito, não só devia ser candidato como a MAria Luís poderia ser vereadora para s finanças e Amorim para um quaquer cargo.