Ainda estava a digerir a mensagem de Costa e levei logo com o discurso de Marisa Matias, falando com aquele ar de sabedora que todos lhe conhecemos, que o ensino era também cultura, que na cultura nada estava por fazer, que era necessário apostar nas escolas, investir no SNS, enfim, desisti de ouvir a senhora, pelo que fiquei sem saber se ela tinha considerado que depois do Alqueva o futuro do país dependia da aposta nua praia na Messejana, mas se não o fez fá-lo-á na primeira ocasião.
Também não percebi o que era isso de estar tudo por fazer, mas imagino que é construir um duplicado do Teatro Bolshoi e subsidiar todos os agentes da cultura, desde os artistas do São Carlos aos desenhadores de tatuagens. Como o euromilhões saiu em Lisboa imagino que Marisa Matias achou que já há dinheiro para tudo e arredores.
Voltando à mensagem de António Costa fiquei agradado com a ideia de fixar no país os jovens mais qualificados, até porque se é para que emigrem o melhor será não apostar na educação. Como no ano passado a mensagem foi dedicada à situação financeira e a deste ano centrou na aposta na educação, imagino que na do próximo ano Costa vai dizer-nos o que fará para impedir os jovens de emigrarem.
Tanto quanto sei a chave de ouro com que o ano de 2016 fechou foi o aumento de alguns euros no salário mínimo, isto é, por mais dourada que seja a chave do salário mínimo ela não dará para fixar ninguém em Portugal, a não ser os que declarem residência no Cemitério dos Prazeres, pois com ordenados mínimos as únicas habitações decentes que o cardeal reivindicou para os p+obres são as daquele condomínio fechado.
Se a chave de ouro de 2016 foi o salário mínimo financiado pela TSU e, a acreditar no secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, a prioridade para o ano de 2017 é baixar o IRS para os rendimentos do segundo escalão (a partir de baixo) os nossos jovens podem apostar em Portugal, o seu futuro está garantido com 100 euros mensais.
Enfim, quanto a Natal estamos conversados, a seguir iremos comemorar o Carnaval.