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Ainda não há qualquer acusação consistente ou provas suficientes para acusar os arguidos do processo O-, mas os nossos justiceiros não se contiveram e já começaram a surgir notícias na comunicação social, que a corresponderem a elementos constantes do processo provam o crime de violação dio segredo de justiça.
Isto é, muito antes de se provar o s crimes de que os arguidos são suspeitos já há prova do crime de violação do segredo de justiça. A sofisticação foi tanta que até em pleno Natal se cometeu este crime, talvez para aproveitar de algum vazio noticioso. É óbvio que dentro de dias a Procuradora-geral abrira´o competente processo para investigar a eventual violação do segredo de justiça, processo que terá as consequências e destino de todos os anteriores, depois de se gastarem alguns trocos dos contribuintes, com a necessária burocracia interna, os processos serão arquivados por falta de prova.
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Durante meses fomos bombardeados com imagens de Alepo, de um lado estavam democratas, do outro o ditador. Quando a batalha terminou vieram as imagens de destruição e de abandono de Alepo. Mas, afinal, ainda há gente em Alepo, gente que foi esquecida pelo Ocidente, gente cujas crianças mortas, mulheres vendidas, ou homens massaxcrados não tiveram direito a imagens de denúncia. Os cristão de Alepo puderam ir à missa neste Natal.
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EU sei que não há mal na morte de russos, ninguém se importa que caia um avião no ar negro ou que a bordo dele esteja um dos coros mais famosos, pouco importa porque são russos. Se fossem franceses, ingleses ou americanos já haveriam t-shirts com o "je suis", mas como foram russos a morrer no acidente, mereceram tantas homenagens como os que foram mortos na sequência da colocação de uma bomba num avião russo que voava sobre o Sinai.
Para a história da propaganda ocidental ficará um avião cheio de bárbaros que iam festejar o Natal com os bárbaros da Síria. Muito estranhos estes bárbaros que iam celebrar o Natal com música.
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«Ainda li, embora fossem já velhas edições, dezenas de Reader"s Digest com hosanas aos soldados soviéticos. Foi das minhas lições iniciais de relativismo. Quando comecei a ler as revistas - ah, as lições de português de Buarque de Hollanda, pai do dicionário Aurélio e primo do cantor Chico -, já a Rússia era inimiga e tratada assim. Russo protagonista era espião acabado de ser apanhado pela antena da CIA em Viena. Aconteceu-me, por gripes de infância, misturar o espião russo, mau, com o herói tenente russo combatendo o cerco nazi de Estalinegrado - ambos do mesmo regime mas vistos pelo prisma de dez anos de distância entre duas edições da propaganda americana... Repito, grande lição de que o que é talvez deixe de o ser daqui a pouco. Mas o importante é ter Gogol, Dostoievski, Andrei Rublev e Tchaikovsky para manter marcos comuns e retomar fios condutores. Isto para dizer que fosse eu diretor do jornal faria manchete com a queda do avião russo que levava a bordo o Coro do Exército Vermelho (está bem, chamemos-lhe Ensemble Alexandrov para não espantar ofendidos) que ia cantar para soldados de Aleppo. Olha, Aleppo - outra relatividade, é certo que foi guerra e, como todas, suja, mas, acerca dos fascistas islâmicos, libertou a cidade deles. Então, sobre as vítimas da queda do Tupolev: saudemos os nossos mortos, que ainda por cima cantavam tão bem. E a manchete era para prepararmos alianças, pois vamos precisar delas.» [DN]
Autor:
Ferreira Fernandes.
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«A investigação ao património de Luís Cunha Ribeiro, o ex-presidente do INEM e ex-presidente da ARS (Administração Regional de Saúde) de Lisboa que esteve à frente do júri de um concurso público que deu o monopólio à Octapharma no fornecimento de plasma humano ao Serviço Nacional de Saúde, levantou outras suspeitas além da corrupção relacionada com o favorecimento daquela multinacional farmacêutica.
A Polícia Judiciária (PJ) descobriu que um apartamento alegadamente oferecido a Cunha Ribeiro em 2003 por Paulo de Lalanda e Castro, administrador da Octapharma, teve o IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) pago por um empresário do Porto, Paulo Damião e Cunha, dono da Medidata, uma empresa que vende soluções informáticas para câmaras municipais. O facto levou a que a residência e o escritório de Damião e Cunha tenham sido alvo de buscas na sequência da detenção, na semana passada, de Cunha Ribeiro e de Lalanda e Castro.
O Ministério Público (MP) e a PJ suspeitam que o pagamento do IMI está relacionado com ligações indiretas de Damião e Cunha a contratos estabelecidos com o INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) durante o período em que Cunha Ribeiro esteve a chefiar aquele serviço, entre 2000 e 2003. O Expresso confrontou o empresário por e-mail mas Damião e Cunha escusou-se a dar respostas: “Tanto quanto julgo saber, as questões a que se refere estão a ser alvo de investigação judicial. Assim sendo, penso que não posso fazer qualquer tipo de comentário que possa interferir no referida investigação.”
Aberto em 2015, o inquérito-crime batizado com o nome de ‘Operação O Negativo’ poderá alargar assim o espectro da investigação, que tinha desde início as suas atenções concentradas na relação entre Cunha Ribeiro e Lalanda e Castro e a circunstância de ter sido descoberta uma sequência de vantagens patrimoniais dadas pelo administrador da Octapharma àquele médico especialista em imuno-hemoterapia. Cunha Ribeiro foi diretor do serviço de imuno-hemoterapia do Hospital de São João do Porto até 2003 e foi nessa qualidade que foi chamado a presidir ao júri do concurso público para o fornecimento do plasma humano lançado em 2000, quando Manuela Arcanjo ocupava o cargo de ministra da Saúde, no último governo de António Guterres.» [Expresso]
Parecer:
Os arguidos, familiares, amigos e conhecidos dos arguidos do processo O- que se cuidem, começou a orgia justicialistas e todos os pormenores da sua vida serão vertidos para a comunicação social apoiante dos magistrados e muito antes de qualquer acusação ou julgamento já terão sido difamados, condenados e condenados de novo na praça pública. É assim a justiça portuguesa, é medieval mas como não pode queimar as pessoas no Terreiro do Paço queima-as na comunicação social.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ignorem-se os julgamentos na praça pública e condene-se a PGR por este espectáculo medieval.»