O Benfica vai chegar ao fim do ano na liderança da Liga, enquanto no campeonato da direita a liderança parece ter sido entregue a Assunção Cristas. A líder do CDS não só é líder da direita, como já consolido a sua candidatura a Lisboa como a única candidatura dessa mesma direita. Não deixa de ser curioso que o mesmo Passos Coelho que colocou o PSD à direita do CDS, que humilhou o irrevogável Portas, acabe agora por deitar tudo a perder em favor de uma líder do CDS que chegou ao cargo por falta de comparência dos outros candidatos.
O espectáculo da candidatura do PSD a Lisboa começa a ser ridículo, com personalidades da área do PSD a declararem ou a ameaçar declarar apoio a Cristas, com um Santana Lopes a empatar o seu partido com uma falsa pré-candidatura, com um destacado militantes convidado a elaborar um programa sem candidato e com a liderança nacional sem saber. Tudo isto porque faltou a Passos Coelho a inteligência estratégica necessária ao líder de um grande partido.
Passados vários meses desde o anúncio da candidatura de Cristas que o PSD não encontrou uma alternativa e começa a ser óbvio que Passos não sabe o que fazer. Passos não tem coragem para se candidatar, fazendo o mesmo que outros líderes nas suas circunstâncias fizeram, nem sabe o que fazer. A notícia do Expresso do passado sábado, anunciando o apoio do PSD à candidatura de Assunção Cristas foi um teste para avaliar a reacção dos eleitores e do próprio PSD.
Perante a crítica colectiva Passos aprece ter recuado, mas não apresenta qualquer solução. Começa a ser óbvio que falta ao PSD uma estratégia para o futuro e isso não sucede apenas em Lisboa, sucede com o país. O grupo parlamentar comporta-se como se fosse um pequeno partido, em vez de uma abordagem nacional dos problemas limita-se a lançar armadilhas ao governo e ao próprio país, como sucedeu com a CD.
Passos tem sido um líder intermitente, não sabe o que fazer, não tem projecto, não tem coragem para expor e defender o seu programa económico e desde que perdeu as eleições já experimentou quase meia dúzia de tácticas, todas sem sucesso e com consequências nas sondagens. Passos vai entrar desorientado em 2017, enquanto Assunção Cristas assume-se como a verdadeira líder da direita, candidatou-se a Lisboa, vai perder Lisa, mas, em compensação, ganha a direita do país. Passos sabia que ia perder Lisboa, mas por não ter tido a coragem de Cristas vai perder a liderança nacional da direita.