Cavaco parece
ter concluído que as funções presidenciais se limitam a discutir o pós-troika,
uma prova de que a Presidência da República foi transformada numa subsecretaira
de Estado do ministro da Presidência. Ainda que Cavaco Silva chame a si a
responsabilidade pelo debate do pós-troika e tenha usado este argumento para o
maior ataque que um Presidente da República já desferiu a um partido, a verdade
é que a primeira personalidade política a levantar a questão do pós troika foi
Pedro Passos Coelho.
Passos
Coelho começou a invocar o pós-troika quando percebeu que não podia manter o
discurso do sucesso do ajustamento, perante o desastre e a necessidade de
destruir o Estado social para compensar os desvios colossais provocados pelo
meteorologista falhado o primeiro-ministro passou a falar do pós- troika, isto é,
em vez de se olhar para o desastre eminente debate-se o futuro, quando começa a
ser evidente o risco de um segundo resgate, senão mesmo de uma renegociação da
dívida.
A
manobra até levou o meteorologista falhado a encenar uma ida aos mercados para
passar a ideia de que Portugal está em condições de dispensar a troika no próximo
ano, algo que nem Passos Coelho nem Gaspar querem, eles só sabem governar á
margem da Constituição e nas costas dos portugueses e sem a presença da troika
ainda se vão revelar mais incompetentes.
Desde
que Cavaco apareceu chamando a si o papel de verdadeiro primeiro-ministro, algo
que sucedeu quando o governo achou que devia enfrentar o Tribunal
Constitucional, o tema do pós-troika faz parte de todos os discursos e
entrevistas de Cavaco Silva. Cavaco Silva não quer debates sobre a situação,
sobre as opções de realidade ou sobre as dificuldades dos portugueses, Cavaco
prefere fazer um exercício teórico e até fez uma encenação envolvendo o
Conselho de Estado.
A
verdade é que o único português que anda por aí a falar do pós-troika é o próprio
Cavaco Silva, talvez por isso arranjou mais um tema para entreter os
portugueses, a saída do FMI da troika e a criação de uma absurdo FMI europeu,
como se a culpa dos nossos males e do extremismo praticado pelo meteorologista
falhado fosse do FMI.
Pouco
respeitador da Constituição parece que Passos Coelho encontrou uma nova função
para o Presidente da República, é a máquina de fumos que serve para disfarçar a
realidade com manobras de diversão. Cavaco parece sofrer de dislexia crono-política, estamos à rasca em 2013 e sugere que se discuta 2014, não sabemos se vamos ter emprego para o mês seguinte e diz para discutirmos as soluções do pós-troika, temos de aturar os estarolas estrangeiros de três em três meses e Cavaco vai para Bruxelas divagar sobre o FMI.