Cavaco Silva
Em tempos haviam filas de espera enormes no tribunal de Alcácer do Sal, tudo porque muita gente passava por cima de um traço contínuo manhoso, logo à saída daquela localidade, em direcção ao Algarve. A GNR aproveitava-se e montava autênticas emboscadas para apanhar incautos e reforçar o orçamento da corporação com multas.
Um dia destes vamos voltar a ter filas nos tribunais por causa do maldito traço contínuo, mas desta vez não é o traço contínuo de Alcácer, é sim o da honra de Cavaco SIlva. De um lado estão os que o elogiam e, portanto, respeitam a sua honra, do outro os que usam impropérios, caracterizam a actuação do titular da Presidência da República com adjectivos ou os que ousem recorrer a impropérios para manifestarem o que lhe vai na alma.
Já há dois jornalistas e um cidadão comum na fila de espera, em todos os casos o Presidente da República fez questão de levar os processos por diante, no último caso, recentemente ocorrido em Elvas um cidadão comum já foi sumariamente julgado e condenado a uma multa, mas diz agora o MP que isto de dizer impropérios ao presidente não vai com sumaríssimos, isto é a dignidade presidencial leva a que se instrua o devido processo, se formule uma acusação digna da ofensa em causa e se leve o desgraçado à barra do tribunal.
Enfim, a honra do presidente menos amado da história da democracia deve ser lavadinha, nem que para isso se recorra à mais caustica lexívia judicial e justiceira, sim, porque a impunidade acabou em Portugal. Para já a impunidade do sque dizem o que lhe vai na alma, talvez um dia acabe a impunidade dos que a crer na justiça alemã estão envolvidos num caso de corrupção no negócio dos submarinos.