Num dos
seus momentos de filosofia de Massamá o por enquanto ainda primeiro-ministro
disse estar-se lixando para as eleições, parecia querer dar de si a imagem de
um grande líder que faz o que for necessário fazer pelo país sem olhar a custos
eleitorais, o mesmo é dizer que passando a imagem do homem que põe os
interesses do país consegue dessa forma captar o apoio do povo. Como tem
sucedido com todos os seus momento filosóficos Passos Coelho bateu com os
burrinhos na areia e nunca mais repetiu a frase.
O
problema é que ao longo da legislatura Passos Coelho tem demonstrado sempre um
cálculo eleitoral que chega a ser cínico, para não dizer que chega a
inspirar-se nas práticas políticas de Adolf Hitler, é o que sucede na forma com
trata os funcionários como seres de segunda classe, acusando-os de todos os
males e condenando-os a pagar a crise.
Passos
Coelho não só está muito preocupado com os seus objectivos eleitorais, como está
mesmo convencido de que o seu governo é indispensável ao país. É precisamente
porque Passos e Gaspar estão a perder a noção da realidade que o famoso “que se
lixem as eleições” podem ter vários significados.
Passos
disse que se estava lixando para as eleições, e Vítor Gaspar acrescentou em
pleno parlamento que “não fui eleito coisíssima nenhuma”. Um está-se lixando
para o que povo possa escolher em democracia, o segundo revela um total
desprezo pela condição de eleito pelo voto dos seus concidadãos. Passos Coelho
tem Portas e Cavaco Silva na mã, vá-se lá saber porquê, governa sem respeitar
qualquer promessa, programa ou compromisso eleitoral, está convencido de que
durante quatro anos faz o que quer ao país. Por sua vez, é mais do que evidente
que Gaspar acha que manda porque foi escolhido pelo ministro das Finanças alemão,
e se perante os deputados se comporta com arrogância, ao lado do ministro alemão
parece um gato capado.
Uma
segunda interpretação mistura valores ideológicos, negócios pouco claros com
agentes estrangeiros e a convicção de que a democracia é uma brincadeira para
quem tem dinheiro. A tese fascista de que as eleições só poderão prejudicar o
país e agravam a crise ganha cada vez mais adeptos. O problema é que os
argumentos usados para evitar a realização de eleições antecipadas são tão válidos
agora como o serão no fim da legislatura e quanto ao respeito dos princípios constitucionais
já se sabe como esta gente se comporta, há várias teses fascistas, os chicos
espertos dizem que a realidade é inconstitucional, os mais grunhos atacam os juízes
do Tribunal Constitucional, os cobardes optam por ignorar a Constituição e o
Tribunal Constitucional.
Mas em
pleno século XXI só os doidos poderiam imaginar um Estado Novo, o que não quer
dizer que neste governo não hajam doidos convencidos de que se o ministro alemão
assim o desejar os portugueses obedecem. Pelo sim pelo não este governo tenta
salvar-se, tenta gerir a economia segundo o seu calendário e sem olhar a
custos, convencidos de que perderam o voto dos funcionários públicos decidiram
chaciná-los com austeridade. O governo além de governar sem legitimidade, de
desrespeitar as instituições democráticas, comporta-se de forma perversa.