Este
governo é tão mau que só mesmo Cavaco Silva ainda fala dele como se merecesse
alguma credibilidade, mais nenhuma personalidade da direita tece qualquer
elogio ao governo, faz fé nas suas previsões, ou acredita nas suas metas. Mas a
nossa direita tem em orgulho o que lhe falta em dignidade e em vez de assumir o
fiasco, os seus porta vozes desdobram-se em truques de linguagem para disfarçar
o desastre.
O governo
é competente mas não sabe comunicar dizem alguns, o governo faz o que a troika
manda, defendem outros, alguns acrescentam que de nada serviria substituir
Passos por Seguro, o próprio Passos Coelho já chegou ao absurdo de dizer que não
servia de nada substituírem-no, como quem diz, eu sou mau mas o próximo será
igual, pelo que mais vale ficarem comigo. A última personalidade a vir a público
defender o governo desta forma absurda foi Miguel Cadilhe.
Antes
de mais convém recordar que Miguel Cadilhe presidia à SLN aquando da nacionalização
do BPN e tentou “sacar” 400 milhões de euros ao Estado dizendo que com esse
dinheiro resolvia o problema. Por aquilo que se viu a credibilidade técnica de
Miguel Cadilhe vale tanto como as previsões do Gaspar, o mesmo Gaspar que ele
defende dizendo que um Gaspar II faria o mesmo.
Com
este discurso a direita vai tentando manter-se no governo, seguindo uma lógica
criminosa, a de que é preferível manter um governo de direita, mesmo ultra incompetente,
do que abrir caminho a que o povo escolha um novo governo. Só que quando se
argumenta como Miguel Cadilhe está-se a ser profundamente desonesto.
Qualquer
Gaspar II seria mais competente que o Gaspar I, o problema do ministro das
Finanças não é apenas o de ser pau mandado dos estrangeiros. O ministro foi
incapaz de reestruturar o Estado, adoptou uma política fiscal desastrosa, quase
todas as suas grandes medidas ou foram recusadas pelo povo na rua ou chumbadas
no Tribunal Constitucional.
O
problema do ministro das Finanças não está apenas nas suas concepções, está no
desrespeito das regras de jogo da democracia e na sua incapacidade técnica de
produzir um OE bem elaborado, assente em previsões bem feitas e com medidas
juridicamente credíveis.