terça-feira, junho 25, 2013

O Gaspar II seria igual ao Gaspar I?

Este governo é tão mau que só mesmo Cavaco Silva ainda fala dele como se merecesse alguma credibilidade, mais nenhuma personalidade da direita tece qualquer elogio ao governo, faz fé nas suas previsões, ou acredita nas suas metas. Mas a nossa direita tem em orgulho o que lhe falta em dignidade e em vez de assumir o fiasco, os seus porta vozes desdobram-se em truques de linguagem para disfarçar o desastre.
 
O governo é competente mas não sabe comunicar dizem alguns, o governo faz o que a troika manda, defendem outros, alguns acrescentam que de nada serviria substituir Passos por Seguro, o próprio Passos Coelho já chegou ao absurdo de dizer que não servia de nada substituírem-no, como quem diz, eu sou mau mas o próximo será igual, pelo que mais vale ficarem comigo. A última personalidade a vir a público defender o governo desta forma absurda foi Miguel Cadilhe.
 
Antes de mais convém recordar que Miguel Cadilhe presidia à SLN aquando da nacionalização do BPN e tentou “sacar” 400 milhões de euros ao Estado dizendo que com esse dinheiro resolvia o problema. Por aquilo que se viu a credibilidade técnica de Miguel Cadilhe vale tanto como as previsões do Gaspar, o mesmo Gaspar que ele defende dizendo que um Gaspar II faria o mesmo.
 
Com este discurso a direita vai tentando manter-se no governo, seguindo uma lógica criminosa, a de que é preferível manter um governo de direita, mesmo ultra incompetente, do que abrir caminho a que o povo escolha um novo governo. Só que quando se argumenta como Miguel Cadilhe está-se a ser profundamente desonesto.
 
Qualquer Gaspar II seria mais competente que o Gaspar I, o problema do ministro das Finanças não é apenas o de ser pau mandado dos estrangeiros. O ministro foi incapaz de reestruturar o Estado, adoptou uma política fiscal desastrosa, quase todas as suas grandes medidas ou foram recusadas pelo povo na rua ou chumbadas no Tribunal Constitucional.
 

O problema do ministro das Finanças não está apenas nas suas concepções, está no desrespeito das regras de jogo da democracia e na sua incapacidade técnica de produzir um OE bem elaborado, assente em previsões bem feitas e com medidas juridicamente credíveis.