Cavaco Silva
A Presidência da República de Cavaco tem sido um penoso roteiro do “eu” de Boliqueime entretido a branquear a sua má imagem com que terminou o mandato de primeiro-ministro. No percurso governamental de Cavaco Silva há várias passagens miseráveis, uma foi a recusa de uma pensão a Salgueiro Maia ao mesmo tempo que a atribuía a um dos mais sinistros inspectores da PIDE, outra foi a forma como supostamente “modernizou” a agricultura, uma terceira foi o abandono que votou o Alentejo, aliás, um comportamento comum em relação às regiões onde não conseguia um voto maioritário.
Quando
chegou a Presidente Cavaco apressou-se a organizar uma homenagem a Salgueiro
Maia, agora tentou fazer as pazes com o Alentejo e com a agricultura, matando
dois coelhos com a mesma cajadada. Com os portugueses a emigrarem aos milhares,
com mdeenas de milhares a perderem o subsídios de desemprego e a
encaminharem-se para as filas do rendimento mínimo e da ajuda alimentar, com um
Estado desorientado com um despedimento colectivo de grandes dimensões,
selvagem e sem regras, Cavaco volta a falar como se estivesse a pensar nas
vacas da Graciosa.
A
tentação é dizer que cavaco optou pela agricultura para se entreter a coçar os
ditos cujos ou que está demente. Nem uma coisa nem outra, Cavaco está igual a
si próprio e continua o seu percurso presidencial cheio de interpretações
pessoais do papel do Presidente da República. Para Cavaco o que importa não é a
Constituição mas sim o que ele disse ou alertou, não preside a pensar no país
mas sim no engrandecimento do seu pequeno imenso “eu”.
Cada
vez mais a principal variável da crise política deixa de ser Passos Coelho para
ser Cavaco Silva, a demissão de Passos começa a ser uma questão secundária e
sem a resignação de Cavaco Silva dificilmente serão reunidas as condições para
se conseguir um consenso nacional em torno de um governo e de soluções. Cavaco é
o grande obstáculo à solução da crise e não admira que tenha feito deste
governo miserável um governo de iniciativa pessoal, Cavaco não salvou Passos
Coelho, o que fez foi transformar Passos Coelho na sua própria bóia de salvação.