Os jovens universitários já quase
não equacionam a possibilidade de ficarem no país o que significa que o que
resta do que no passado de investiu no ensino superior está a ser oferecido à
Europa, Brasil e Angola a título gratuito. Em vez de exportar ciência e
produtos de alto valor acrescentado, Portugal exporta a sua melhor geração sem
qualquer contrapartida, só porque um ministro das Finanças achou que no seu
modelo económico e social não há lugar para eles.
Enquanto a escola pública é posta
a ferro e fogo a universidade pública, que sempre se distinguiu por ser melhor
do que a privada, vai sendo destruída lentamente, os investigadores vão
desistindo do país, os melhores professores vão deixando de resistir às
propostas que lhes chegam de foram. Os nossos melhores quadros perceberam que
não vale a pena apostar num país de banqueiros oportunistas, políticos
corruptos, e empresários vocacionados para explorar trabalhadores com ordenados
miseráveis.
Os investidores estrangeiros
desconfiam de uma economia gerida de forma pouco transparente, com um ministro
dos Negócios Estrangeiros armado uns dias em ministro da Economia e nos outros
em ministro da Agricultura, com um Presidente que confunde a agricultura
portuguesa com a holandesa, uma política económica feita à base de mentiras e
desvios orçamentais. Portugal é um país à beira do colapso social, com um
governo e uma presidência incompetentes e a roçar o irresponsável, sem certezas
quanto ao futuro do euro ou da presença do país no euro.
Os investidores nacionais ou são
banqueiros, ou dão emprego aos Catrogas ou são marginais num país onde só a EDP
tem direitos adquiridos, onde num dia se compram swaps e no dia seguinte os
mesmos que os compraram pagam para ficarem sem elas e despedem os antigos
colegas de negócios. A economia assente no proxenetismo colecivo já não se
alimenta apena da exploração dos trabalhadores, a crise levou empresas com a banca
ou as energéticas a explorarem as PME e todas as empresas que por precisarem de
crédito ou serem grandes utilizadoras de energia são vulneráveis à chantagem
daqueles sectores oportunista.
Portugal afunda-se, perde os seus
melhores quadros, expulsa as gerações jovens, rompe com um contrato social que
garantiu décadas de estabilidade e paz, destrói tudo o que se construiu no
ensino, nas universidades e na ciência, despreza o progresso assente na investigação
para dar prioridade ao trabalho intensivo, desorganiza o Estado jogando fora o
investimento de muitos anos.
Tudo porque gente sem
qualificações, sem provas dadas, sem grande formação ética aproveitou um
momento de fragilidade económica e a falta de estatura de quem em vez de pensar
no país estava mais empenhado em pequenas vinganças pessoais.