quarta-feira, junho 19, 2013

Ajustamento, chamam-lhe eles

Os jovens universitários já quase não equacionam a possibilidade de ficarem no país o que significa que o que resta do que no passado de investiu no ensino superior está a ser oferecido à Europa, Brasil e Angola a título gratuito. Em vez de exportar ciência e produtos de alto valor acrescentado, Portugal exporta a sua melhor geração sem qualquer contrapartida, só porque um ministro das Finanças achou que no seu modelo económico e social não há lugar para eles.
 
Enquanto a escola pública é posta a ferro e fogo a universidade pública, que sempre se distinguiu por ser melhor do que a privada, vai sendo destruída lentamente, os investigadores vão desistindo do país, os melhores professores vão deixando de resistir às propostas que lhes chegam de foram. Os nossos melhores quadros perceberam que não vale a pena apostar num país de banqueiros oportunistas, políticos corruptos, e empresários vocacionados para explorar trabalhadores com ordenados miseráveis.
 
Os investidores estrangeiros desconfiam de uma economia gerida de forma pouco transparente, com um ministro dos Negócios Estrangeiros armado uns dias em ministro da Economia e nos outros em ministro da Agricultura, com um Presidente que confunde a agricultura portuguesa com a holandesa, uma política económica feita à base de mentiras e desvios orçamentais. Portugal é um país à beira do colapso social, com um governo e uma presidência incompetentes e a roçar o irresponsável, sem certezas quanto ao futuro do euro ou da presença do país no euro.
 
Os investidores nacionais ou são banqueiros, ou dão emprego aos Catrogas ou são marginais num país onde só a EDP tem direitos adquiridos, onde num dia se compram swaps e no dia seguinte os mesmos que os compraram pagam para ficarem sem elas e despedem os antigos colegas de negócios. A economia assente no proxenetismo colecivo já não se alimenta apena da exploração dos trabalhadores, a crise levou empresas com a banca ou as energéticas a explorarem as PME e todas as empresas que por precisarem de crédito ou serem grandes utilizadoras de energia são vulneráveis à chantagem daqueles sectores oportunista.

Portugal afunda-se, perde os seus melhores quadros, expulsa as gerações jovens, rompe com um contrato social que garantiu décadas de estabilidade e paz, destrói tudo o que se construiu no ensino, nas universidades e na ciência, despreza o progresso assente na investigação para dar prioridade ao trabalho intensivo, desorganiza o Estado jogando fora o investimento de muitos anos.


Tudo porque gente sem qualificações, sem provas dadas, sem grande formação ética aproveitou um momento de fragilidade económica e a falta de estatura de quem em vez de pensar no país estava mais empenhado em pequenas vinganças pessoais.