Se fosse possível definir um partido como sendo um partido burro esse partido seria precisamente o PS, há por lá gente que deixa a impressão de que parece que consideram as eleições um instrumento de tortura dos seus próprios eleitores, fazem tudo para que quase se tenha de votar de olhos vendados. E se há eleições em que o PS é mesmo burro são as eleições autárquicas. Veja-se o que se passa, em condições normais o PS daria aquilo a que se designa por uma abada à direita, em vez disso e apesar das sondagens não há certezas.
Para além de um certo desprezo pelos sentimentos dos seus próprios eleitores muitos responsáveis pelo PS acham que o governo deve ser gerido em função da vontade de uma espécie de nobreza, o que conta não são os anseios dos eleitores, em muitos casos é o pensamento de um qualquer nobre que se considera acima do jogo político. É estranho que um partido que a todo o momento se afirma pelo seu republicanismo acabe por se formar em castas. Alguém tem dúvidas de que um filho de uma qualquer personalidade grada do partido tem mais fácil acesso a um cargo governamental ou autárquico do que o mais inteligente e competente militante de base.
Na minha terra a esquerda, PS mais PCP, contavam com uma quase unanimidade, o PSD era um partido minoritário e sem expressão, o CDS era tratado como uma anedota. Durante muitos anos o PSD nunca imaginou ganhar umas eleições autárquicas, nas legislativas ou as presidenciais. Hoje mais parece o cavaquistão, tantas e tantas foram as asneiras autárquicas, os abusos e, acima de tudo, o desrespeito pelos mais elementares sentimentos dos cidadãos. Por razões que só Deus conhece o candidato do PS estava mais do que derrotado e mesmo assim assim teve apoios para se candidatar. O resultado foi uma localidade riscada do mapa no tempo do fascismo ser hoje um baluarte do PSD, até o Santana Lopes já lá foi ganhar uns cobres antes de ser rico, a título de uma assessoria jurídica à câmara municipal.
Em muitas autarquias o PS escolhe o prior candidato só porque é afilhado de um nobre de Lisboa, de um barão local ou de um marquês distrital. Pouco importa que se saiba antecipadamente que será derrotado, é candidato e os eleitores que o engulam. É por isso que por esse país fora muitos municípios onde no passado o PS tinha uma posição sólida hoje está arredado das autarquias. O mais grave é que esta situação acaba por ter consequências nas outras eleições. Isso quando o PS não faz o mesmo com outros actos eleitorais, como sucedeu, por exemplo, com as últimas eleições europeias.
Esperemos que os barões, marqueses, abades e outros senhores se lembrem que este povo está sofrendo demais para que se aproveitem da situação e tentem impor os seus inúteis aos eleitores. Esperemos que desta vez o PS não seja o burro do costume.