quinta-feira, junho 27, 2013

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 
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Campo das Cebolas, Lisboa
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 
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Estátua de Mouzinho de Albuquerque, fortaleza, Maputo [J. de Sousa]
   
   

 Até a Filipa?

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 Lição de bom português
 
   


 A almoçarada
   
«O vistoso Grupo Excursionista Passos Coelho & Compinchas foi a uma almoçarada em Alcobaça. Deslocou-se, o grupo, em potentes automóveis, levando consigo, convenientemente, os guarda-costas habituais. Um número incontável de viajantes. Poderiam, talvez, viajar de autocarro, mas não. A decisão foi tomada em Conselho de Ministros anterior, com a veemência que deliberações desta natureza exigem e justificam. No presumível autocarro, a excursão seria mais divertida: um bulício de conversas e de risos, uma troca de histórias matreiras, acaso inconfidências risonhas e intercâmbio de pequenos segredos.

O selecto conjunto ia discretear sobre as maleitas da pátria e, porventura, encontrar soluções para o que nos aflige. Poderia, a reunião, ter sido em Algés, na Trafaria ou na Tia Matilde. Qual quê? O recato do mosteiro e o meditativo silêncio eram convites indeclináveis à grave reflexão a que se propunha aquela gente considerável.

Acontece um porém: na capela ia celebrar-se um casamento, e um repórter curioso aproximou-se, lampeiro, de gravador em punho. Esclareceu a jovem, vestida a rigor com véu e flor de laranjeira, a coincidência de o Governo estar ali, e ela também para o enlace desejadamente jubiloso. Espavorida, fugiu para o interior do monumento, sem a complexidade indecisa dos que olham para o poder com reverente obséquio. Entendeu, provavelmente, a noiva que o encontro não era sinal auspicioso e que a presença simultânea de tantos ministros dava azar.

Tomando as coisas pelo seu nome, acerca de que conversaram, aqueles que tais; que valores absolutos como a verdade, o bem, o sagrado, a beleza alinharam no que disseram? Adquiriram consciência de que a unidade dos valores morais está a desintegrar-se rapidamente, por culpa própria? O recolhimento piedoso do local era propício a actos de meditação e, por decorrência, à contrição e ao remorso.

Mais prosaicamente, que comeram os excursionistas? Embrulharam lanche? Levaram marmita? Passear, decididamente, não. O coro de protestos, de vaias e de insultos que os recebeu teria afugentado qualquer ideia de turismo. No final, o ministro Poiares Maduro, em resposta à ânsia noticiosa dos jornalistas, disse umas frases inócuas. Percebeu-se, no enredo, que o encontro de Alcobaça redundara em nada, rigorosamente em nada; que nada se decidira, que tudo fora absurdo, confuso e disperso.

Poiares Maduro é, certamente, bom rapaz, e só por isso tem uma aparência formal de tranquilidade infalível. A voz ainda está em formação, e não me parece que possua sabedoria administrativa e astúcia suficientes para enfrentar as armadilhas que o aguardam. O partido que suporta o Governo é um saco de lacraus. Dividido em grupos de interesses, até já perdeu o sentido da cortesia. E a almoçarada, em Alcobaça foi uma sessão de despropósito, consequente com o estado do Governo.» [DN]
   
Autor:

Baptista-Bastos.
   
   
 Uma boa pergunta
   
«O secretário-geral do PS, António José Seguro, exigiu ontem à noite explicações do Governo a propósito de o ministro das Finanças saber, com "dias de antecedência", dados sobre o défice orçamental que o INE só vai divulgar sexta-feira.» [DE]
   
Parecer:

Digamos que este ministro é um rapaz bem informado e só é pena que a única coisa em que não acerta é nas suas previsões.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Exija-se uma resposta ao Gasparoika.»
   
 Onde é que eu já ouvi isto
   
«O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje que o Governo respeita o "direito inalienável à greve", referindo no entanto que o país precisa menos de greves e mais de trabalho e rigor.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

ISto parece o regresso ao Estado Novo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
   
 A Comissão não acredita
   
«A Comissão Europeia já está mais pessimista em relação à evolução da economia em Portugal do que estava em Março, quando chegou a acordo com o Governo e o resto da troika para a definição do cenário macroeconómico actualmente vigente no programa de ajustamento português.

No relatório da sétima avaliação, publicado nesta quarta-feira, o executivo comunitário (um dos membros da troika) confirma a estimativa de recessão de 2,3% este ano, já divulgada pelo Governo e pelo FMI, mas assinala que, “depois da finalização do cenário macroeconómico em Março, os riscos para as previsões ficaram mais inclinados para uma descida”.

As principais preocupações de Bruxelas estão relacionadas com a evolução da procura interna, que, diz, “deve continuar fraca, particularmente tendo em conta os desenvolvimentos negativos no mercado de trabalho no primeiro trimestre deste ano, que podem afectar negativamente o consumo privado”. Em 2013, Bruxelas aponta para uma queda de 3,9% no emprego e para um aumento da taxa de desemprego para 18,2%.» [Público]
   
Parecer:

A vigarice está no facto de ter feito de conta que acreditava.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Demonstre-se a desonestidade da Comissão de Durão Barroso.»