A revolução massamiana liderada pelo
grandioso timoneiro de Massamá prossegue e o país arrisca-se a adoptar um
calendário massamiano onde passam a haver dois tipos de feriados os que deixam
de ser gozados em nome da pira da competitividade e aqueles que são mantidos
para que os trabalhadores possam usufruir do direito à greve sem quaisquer
limites e constrangimentos e com uma grande originalidade, com o apoio do
governo e dos patrões. Neste novo modelo laboral corporativo-massamiano os
feriados religiosos estariam reservados às greves do sector privado, os
feriados civis às greves do sector público, excluindo-se o 1.º de Maio que
ficaria reservado para fazer compras nas mercearias do patrão do António
Barreto. Por falar em António Barreto o que é que lhe terá sucedido, depois de
dizer umas coisas contra o regime deixou de ser visto.
O governo aprovou a nova carreira
profissional da Função Pública, a de desempregado estagiário, durante um ano os
funcionários públicos que vão ser despedidos sem justa causa, sem direito a
qualquer justificação ou a um recurso judicial, terão um ano com direito a um
subsídio de desempregado estagiário correspondente a metade do vencimento.
Durante o estágio os funcionários terão a oportunidade de passar fome, de
requerer o passaporte ou de juntarem dinheiro para comprar uma caçadeira e
darem um tiro nos cornos. Lamentavelmente os funcionários ainda nºao entenderam
as responsabilidades do Rosalino e o patriotismo do Gaspar e em vez de se
juntarem à dona Cavaco e irem em romaria a Fátima insistem em fazer greves e
protestos em dias úteis, quando nos fins-de-semana e nos feriados seria mais
apropriado pois não prejudicaram ninguém.
Quem se manifestou muito preocupado com
os prejuízos para o futuro das crianças e dos jovens em resultado da greve em
dias úteis agendada pelos professores foi Cavaco Silva, antigo professore de várias
escolas, designadamente, da Universidade Nova de Lisboa. Pois foi na Nova que
esta verdadeira autoridade moral da nação foi alvo de um processo disciplinar,
precisamente porque era acusado de se baldar às aulas, enquanto as dava na Católica.
Digamos que Cavaco tem uma boa desculpa, como nunca aparecia os alunos já não
perdiam tempo e nem lá iam, pelo que não ficavam prejudicados.
O FMI reconheceu as responsabilidades no
desastre grego e o mesmo é dizer que no desastre português. Mas o mundo ficou a
saber que o FMI estava enganado, o Gaspar veio a terreno dizer que a
asuteridade sem limites é a solução e que a prova disso é a existência de um
verdadeiro oásis cercado por purgatórios como a Espanha, a Irlanda, a Grécia ou
a Itália. Esse oásis é Portugal, uma pérola do Atlântico governada por um
brilhante massamiano, onde manda o Gaspar e decorada por um Silva e por um
Portas. Se não fosse a chuva que estragou tudo e impediu o investimento esse oásis
gaspariano seria o céu na terra.
O governo adoptou uma nova estratégia de
comunicação, agora as mensagens são que um dia o país saberá que Gaspar, o
patriota, foi um grande ministro das Finanças e que foram cometidos erros. No meio disto Gaspar explicou que os
inesperados aguaceiros no primeiro trimestre, meses que habitualmente são de
grande seca, não houve investimento nacional Um dia destes o Gaspar ainda
vai justificar-se que foi apanhado por um aguaceiro que lhe molhou a folha de cálculo
do seu computador r por isso todas as suas previsões apresentaram desvios
colossais em relação à realidade. Na próxima entrevista o Gaspar vai concluir que a chuva foi uma sabotagem de Sócrates, foram as suas eólicas que empurraram as nuvens para o céu em cima do ministério das Finanças.