A austeridade enquanto síntese de um conjunto de medidas de política económica de natureza restritiva pode merecer a discordância de muitos mas é admissível. É mais do que óbvio que um país com uma dívida soberana superior a 120% do PIB dificilmente estará em condições de adoptar políticas expansionistas, as exportações estão condicionadas pelo exterior, a procura interna tende a traduzir-se num aumento das importações.
Já aqui se defendeu, ainda antes desta crise, que a economia portuguesa tem problemas graves a enfrentar no curto prazo para os quais só tem soluções a médio e longo prazo. O problema é que os problemas de curto prazo têm impacto nas eleições enquanto as soluções se situam num horizonte temporal que vai para além de uma legislatura. Isto significa que com Cavacos e outros que por aí andam, gente mais preocupada com o bem-estar dos seus e com a sua imagem do que com o país, dificilmente o nosso sistema político tem soluções.
O grande problema deste governo não está apenas na cegueira ideológica que o leva a adoptar a austeridade pela austeridade e que perante um desastre provocado pelo excesso de austeridade tem como única solução mais austeridade. Além da cegueira ideológica de um primeiro-ministro sem preparação e dimensão política e da duvidosa competência técnica do seu ministro das Finanças sofre ainda de um problema grave de teimosia.
Passos Coelho nunca admitirá um erro e o ministro das Finanças levará o país ao colapso na tentativa de encobrir os seus erros com o recurso a mais austeridade. Vai despedir milhares de funcionários públicos para compensar os seus erros, depois vai despedir mais gente, a seguir vai fechar hospitais, se ninguém o parar vai destruir o Estado, a economia, o país.
Este governo é incompetente, não sabe o que está fazendo e dois anos depois de uma política brutal vem um ministro das Finanças admitir que cometeu um erro, fez tudo bem mas ao contrário. Não está incomodado com a perda de quadros que fogem do país, não está incomodado com a destruição de sectores económicos, não se preocupa muito com a dimensão do desemprego, apenas acha que devia ter começado por despedir funcionários.
Portugal começa a deixar de ser um problema económico de dimensão nacional para ser um problema pessoal de natureza psiquiátrica, esta combinação entre austeridade brutal, teimosia e incompetência tem tratamento do foro da psiquiatria, estamos perante loucura, insanidade mental. Este governo é cada vez menos um governo da República para ser um gestor dos ódios pessoais de Passos Coelho e de Vítor Gaspar, tudo o que cheire a Sócrates ou a alguém que tenha incomodado Passos Coelho é para destruir, todos os funcionários ou quem quer que seja que tenha enfrentado Vítor Gaspar enfrenta inevitavelmente a sua vingança. Este governo não actua segundo um projecto ou segundo um programa, actua segundo impulsos e a maior parte desses impulsos são motivados por ódios pessoais de quem manda,