A
preocupação do governo com os estudantes é quase comovente, ver o ministro
Crato comunicando com ar combalido os resultados das negociações com os
sindicatos foi de nos levar às lágrimas, o ministro parecia que tinha o peso do
futuro da nossa juventude às Costas, curvado e quase sem ser capaz de olhar de
frente para as câmaras, a tristeza, as dores e o sofrimento forçavam-no a olhar
para o chão.
Esta
preocupação com os portugueses até levou a maioria a um orgasmo parlamentar
quando Passos Coelho anunciou que ia alterar o direito à greve para que no
futuro as greves não possam prejudicar os estudantes. A maioria parlamentar
eleita mentindo aos portugueses jorrou em aplausos com tão brilhante ideia, só
faltou tempo para que se discutisse ali a forma de compatibilizar o direito à
greve com o futuro dos jovens. Talvez a Fundação Soares dos Santos se envolva
no estudo do problema e o merceeiro venha sugerir que o governo se inspire nos
50% do 1.º de Maio e preveja na lei que o direito à greve seja exercido aos sábados,
domingos e feriados.
Mas
ainda bem que o governo está preocupado com o futuro dos jovens, ao fim de dois
anos parece que o Gaspar autorizou o Passos Coelho, se calhar inspirou-se em
Cavaco Silva que também parece andar preocupado com a educação dos nossos
jovens, ainda na semana passado mandou multar um em 1300 euros por ser mal
educado.
Agora é
apenas uma questão de tempo para que, resolvido o problema dos estudantes, os
governo se possa preocupar com outros portugueses. Pode começar por se
preocupar com os jovens sem qualquer possibilidade de encontrar emprego porque
as política dos governo impedem o investimento público e afugentam o
investimento privado. Pode preocupar-se com os pais dos jovens estudantes,
muitos deles estão sem emprego e se ainda recebem subsídio de desemprego mais
tarde ou mais cedo vão ficar sem ele. Pode preocupar-se com os pais dos jovens
que vão ser promovidos a desempregados estagiários e depois requalificados em
desempregados pelos brilhantes Rosalino e Gaspar. Pode preocupar com os jovens
qualificados que agradecem a Passos Coelho a oportunidade que lhes foi dada ao
serem “estimulados” a abandonar o país, a sua cultura e as suas famílias, tudo
para que possam encontrar zonas de conforto longe de Portugal
Os
portugueses são um povo cheio de sorte, nem todos os povos do mundo podem dizer
que têm gente bondosa como o Passos, o Cavaco, o Gaspar ou o Carto a cuidar do
seu conforto e futuro.