terça-feira, junho 11, 2013

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 
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Flor, Lisboa

 Um Presidente estranho
  
Passado um mandato e meio ainda dedica uma boa parte dos seus discursos a explicar-se a explicar as atribuições presidenciais como se elas não estivessem claramente definidas na Constituição.
  
 Um governo estranho
  
Costumam ser os primeiros-ministros a vir em socorro dos ministros e a garantir que têm confiança neles. Com o governo de Passos Coelho é o ministro júnior Poiares Maduro que vem em auxílio do primeiro-ministro garantindo para tranquilidade dos portugueses que o apoiará nas sua opções.
  
 Uma opinião estranha
  
Para Paulo Macedo a parte mais importante do discurso de Cavaco foi a referência às muralhas de Elvas.
  
 Uma cerimónia estranha
  
O centro das atenções costumam ser o Presidente e o primeiro-ministro, nestas cerimónias do 10 de Junho foram o Presidente e António José Seguro. Costuma-se aguardar o discurso, desta vez os jornalistas estavam mais atentos aos apupos e aos dizeres dos cartazes.
  
 Ruralismo fisiocrático
  
A ideologia do NEN, o Novo Estado Novo.


  
 De novo, Alcácer-Quibir
   
«Até os deputados da maioria que têm dado lastro à destruição do país conduzida por Vítor Gaspar, e benzida por Passos Coelho, tentam agora sacudir a água do capote

Com o devido respeito às instituições consagradas na nossa Constituição (respeito devido mais por razões democráticas e regras de boa educação, do que por merecimento), desde o Presidente da República, ao governo, passando pela tão nobre Assembleia da República, e sem cometer o abuso de chamar palhaço ou qualquer outro nome similar que melindre a sensibilidade de quem quer que seja, o bom senso exige que se diga que o destino dos portugueses está, por ora, entregue a um bando de fanáticos, irresponsáveis, a raiar a loucura, como poucas vezes aconteceu na História milenar de Portugal. Que me ocorra, desastre de proporções semelhantes, conduzido com a mesma insânia, só mesmo no tempo de D. Sebastião, um louco varrido, também muito crente na protecção concedida por todos os santos do nosso imaginário religioso, feito rei de Portugal, que começou a governar o país aos catorze anos de idade, e dez anos depois foi morrer, sepultando consigo muitos milhares de portugueses, debaixo do inclemente sol de Agosto marroquino, em Alcácer-Quibir, arruinando o país e afundando Portugal e a nossa independência por muito tempo.

Vítor Gaspar, alcandorado pelo primeiro-ministro a cérebro do aventureirismo político que fez dos portugueses cobaias de opções ideológicas mal assimiladas e de desmedidas subserviências externas, a quem foi entregue a governação do país, apadrinhado por Belém e amparado por uma maioria de deputados no parlamento, não desarma do rumo em que nos imola. Atarantado e sem tino, depois de falhar todas as metas e objectivos a que se propôs, desde o défice à dívida externa, desde o desemprego à recessão; depois do fiasco de todas as suas previsões, as quais se tornaram motivo de chacota nacional, e sinal do desvario, veio agora, no seu tom monocórdico, dizer que a chuva deste Inverno, que a ministra Assunção Cristas tão insistentemente pediu a São Pedro, para encher as barragens e ajudar à agricultura, foi um dos motivos do seu insucesso, porque afastou o investimento necessário à reanimação económica. O fanatismo ideológico do todo-poderoso ministro das Finanças não lhe permite entender que as exportações não podem crescer numa Europa que se contrai; que a carga fiscal à bruta e a austeridade cega fazem cair a pique a procura interna, provocando o encerramento de milhares de empresas e aumentando o desemprego, diminuindo as receitas e aumentando as despesas. Nem sequer entende que chove no Inverno. Apesar de dizer, com trejeitos aluados, para aliviar a pressão, citando Bismarck: “tenho amplo material para aprender com os meus próprios erros”, para de imediato os esquecer e zurzir nas decisões do tribunal Constitucional e na herança do anterior governo. 

Alcácer-Quibir está tão próximo que até os deputados da maioria que, nestes dois anos, submissos e reverentes, têm dado lastro à destruição do país conduzida por Vítor Gaspar, e benzida por Passos Coelho, tentam agora sacudir a água do capote, sobretudo por saberem que o próprio FMI dá sinais de entender que este é o caminho directo para o inferno, para uma pobreza injustificável, para uma dívida externa impagável, para a saída do euro. Pela voz de João Almeida, do CDS-PP, e Miguel Frasquilho, do PSD, na sexta--feira, no parlamento, ouvimos dizer que “lançar austeridade sobre austeridade, como foi imposto pela troika, não resultou como estava previsto no memorando. Portugal precisa de mais tempo da parte dos credores” ou que “é preciso falar grosso à troika”. Isto dito pelos mesmos deputados que, na primeira fila do hemiciclo, batiam palmas, em pé, a Passos Coelho quando este, não há muito tempo, dizia que prosseguiria o seu programa de austeridade “custe o que custar”, que não precisava de “mais tempo, nem mais dinheiro” ou que “iremos além da troika”, só pode significar o reconhecimento da falência das políticas deste governo e a inutilidade da maioria dos sacrifícios exigidos aos portugueses nestes dois anos. No fundo, um cântico fúnebre ao governo.» [i]
   
Autor:
 
Tomás Vasques.
   
     
 CDS quer saber porquê o Gaspar não acerta uma
   
«Deputados do CDS enviaram perguntas ao Ministério das Finanças a questionar como é que são feitas as contas uma vez que "não têm conseguido" acertar nas previsões
As divergências entre o ministro das Finanças e o CDS são cada vez mais evidentes. O CDS não está satisfeito com os constantes falhanços nas previsões pelo ministro das Finanças e mostrou o descontentamento numa pergunta oficial enviada ao gabinete de Vítor Gaspar. Um grupo de deputados do CDS, que fazem parte da Comissão de Orçamento e Finanças, querem saber como são elaboradas as previsões e que modelos são utilizados para que o governo não consiga "antecipar correctamente a trajectória das principais variáveis macroeconómicas, ou têm-no feito com um grau de erro maior do que à partida seria de esperar".

A pergunta surgiu dias depois de os centristas terem reunido o Conselho Nacional onde defenderam um papel mais activo da economia e de o país ter fechado a sétima avaliação da troika ao mesmo tempo que acertava a nível europeu novo alargamento das metas do défice. As dúvidas dos deputados do CDS, entre eles João Almeida e Cecília Meireles, reflectem também o desagrado no CDS em relação ao ministro das Finanças e aos constantes falhanços nas previsões do impacto da austeridade nos principais indicadores económicos, como a variação do PIB ou o nível da dívida pública.

As dúvidas dos deputados centristas resultam ainda de uma desconfiança cada vez maior em relação ao rigor das fórmulas e multiplicadores utilizados pelos economistas, e reproduzidos pelos políticos, para fazer previsões sobre o cenário macroeconómico. No recente relatório sobre a avaliação do primeiro resgate à Grécia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) assume que um dos erros da intervenção de 2010 resultou de um multiplicador demasiado baixo que subestimou os impactos das medidas de austeridade na economia. Deveria ter sido pelo menos o dobro. As maiores derrapagens entre previsões e realidade verificaram-se na evolução do PIB, na taxa de desemprego e também no rácio da dívida pública. Estes são também os indicadores que revelam um maior desvio entre a projecção e a realidade em Portugal. As falhas sistemáticas nas previsões têm fragilizado a reputação técnica do ministro das Finanças que ainda no debate sobre o Orçamento Rectificativo de sexta-feira reconheceu erros.

Os deputados do CDS querem saber que pressupostos estão por trás das previsões negociadas na sétima avaliação da troika que sustentam a projecção de uma recessão de 2,3% para este ano e, sobretudo, perceber se essas contas já incorporam o efeito recessivo das medidas previstas para a reforma do Estado. Perguntam ainda quais os multiplicadores usados nas projecções iniciais do programa de ajustamento e do Orçamento de Estado de 2012, ano em que as derrapagens foram mais relevantes e se, caso tenha sido feita uma revisão, quais as despesas ou receitas cujo impacto na economia mais foi alterado.

O gabinete de Vítor Gaspar responde sem responder materialmente às questões. Sobre os multiplicadores que estão por trás das previsões, o ministério esclarece que estas "têm por base um modelo macro econométrico de previsão das principais variáveis macroeconómicas e de finanças públicas com relações de feedback entre elas". À pergunta sobre os pressupostos técnicos usados nas previsões passadas que falharam, as Finanças clarificam "deste modo, o multiplicador é um resultado e não um parâmetro exógeno que seja usado no momento da elaboração das previsões".


E quanto a eventuais revisões de indicadores com mais impacto na economia, fica a explicação: "Adicionalmente importa ter presente que o efeito sobre a actividade económica resultante das medidas de consolidação depende da composição das medidas orçamentais. Nesse sentido, para o mesmo valor de medidas orçamentais é possível ter efeitos diferentes sobre a actividade económica, tudo dependerá da composição dessas medidas"» [i]
   
Parecer:
 
Também vão perguntar à esposa se o Gaspar acerta uma?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
   

   
 Dolc
   
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