Passos Coelho disse que respeitava mais os trabalhadores que
trabalham, isto é, os que não aderissem à greve e o ministro da Presidência, um
dia depois, repetiu esta alarvidade. Curiosamente quase não se ouviram
protestos, da mesma forma que ninguém se incomodou muito quando Gaspar sugeriu
uma redução de impostos aos contribuintes cumpridores.
Não admiraria nada que o mesmo governo que chama
requalificação a um despedimento se lembre de sugerir uma solução para que os
portugueses menos exemplares, os que aderiram à greve ou os que tendo mandado o
carro para a sucata deixaram de pagar IUC. Como as tatuagens estão na moda
talvez algum criativo de entre os muitos que foram contratados para os
gabinetes governamentais faa uma proposta .
Assim, quando entregassem a declaração do IRS os cidadãos
mostrariam o braço, se tivesse a tatuagem de malandro fiscal pagariam o IRS
normal, se não estivessem tatuados
teriam direito a uma pequena parte do vencimento de um funcionário públcio
despedido e até pode ser que alguém se lembre de sugerir uma carta de parabéns
assinada pelo próprio Gaspar.
Já aqui se compararam algumas expressões usadas por este
governo com o campo de Auschwitz, mas o governo parece ter uma imaginação
inesgotável para a asneira. O incrível é que exceptuando uma ou outra voz, casos de Pacheco Pereira ou de
Correia de Campos, quase não se ouve uma crítica. Parece que o medo da troika
nos obriga a comportarmo-nos como ratazanas cobardes.