Foto Jumento
Chafariz do LArgo do Mastro, Lisboa
A greve dos professores
É óbvio que a greve prejudica os alunos, só não prejudicaria se os professores se tivessem lembrado de fazer greve em Agosto, época em que um professor exemplar hoje presidente parece achar a mais apropriada para o direito à greve no ensino.
É óbvio que o ministério da Educação pretende despedir professores e vamos assistir ao despedimento de muitos milhares de professores que a troco do conforto de uma carreira sem avaliações foram a tropa de choque da direita hoje no poder.
É óbvio que o ministério mente quando diz que não pretende despedir professores.
Ainda há PSD mas a caminho de menos de 20%
Orgulho do prejuízo
«O FMI resolveu dar ao Governo um presentinho de aniversário. É certo que, ao admitir ter sido o programa de resgate da Grécia mal desenhado, não disse aplicar-se o mesmo aos outros, mas como a lógica é de que houve austeridade a mais e que a Comissão Europeia não tinha qualquer experiência em operações do género (nem, já agora, o FMI - nunca tinha "resgatado" um país sem moeda própria) e portanto fez disparate (sendo a palavra certa outra), é lícito inferir que o mesmo se aplica a Portugal. O que vai ao encontro da última desculpa que Gaspar e Passos tiraram da sua inesgotavelmente descarada cartola: aquela que, além de responsabilizar o anterior Governo pelo "estado a que chegámos", lhe atribui também a culpa por "um memorando mal desenhado".
Ou seja: a culpa de o País estar como está é de toda a gente - governo anterior, Tribunal Constitucional, agora também troika e, no futuro, quiçá a Virgem Maria, que segundo Cavaco anda também a meter o bedelho nestes assuntos - menos do Executivo em funções vai para dois anos. O que não se entende então é de que "trabalho feito" se orgulha tanto, como anteontem fez questão de nos dizer, o PM. Que orgulho retira de, alegadamente, seguir um plano que agora (antes assumia-o como seu) deu em reputar de malfeito? Não pode ser o orgulho de cumprir as metas - nenhuma foi cumprida, a não ser que fosse sua meta (secreta) chegar o mais depressa possível a 18% de desemprego, a 130% de dívida e a 3% de recessão (a OCDE prevê 2,7% este ano). Não pode ser o orgulho das "reformas estruturais", porque só logrou uma, expressa nos três valores anteriores: o empobrecimento turbo. Não pode ser, sequer, o orgulho de "cumprir o défice": afinal, o único ano em que conseguiu cumpri-lo, aliás até menor que o acordado (graças às receitas extraordinárias que jurara nunca usar), foi aquele em que só governou seis meses - mal começou a fazer orçamentos para anos inteiros a coisa borregou, e à grande. E não pode, claro, ser o orgulho das promessas cumpridas.
É orgulho de quê, então? Só pode ser o de, rapazola impreparado, ignaro e sonso, ter conseguido, graças a uma voz bonita, uma notável desfaçatez, um insuportável (mas pelos vistos eficaz) discurso moralista e uma não menos apreciável frieza, alcandorar-se a PM. De ao fim de dois anos de desastre, de tanto mentir, insultar, atentar contra a Constituição e andar ao sopapo na coligação, manter-se ainda em funções. De ter manietado o PR de modo a que este - até 2012 bramando estarmos em espiral recessiva e em 2013 tendo enviado o orçamento para fiscalização constitucional - seja hoje o maior apoiante do Governo. De nunca ter batido o pé aos credores ou tão-só franzido o sobrolho a Merkel.
Sim, só pode ser isso. Mais o orgulho de ver um país acabrunhado e calado a ser conduzido para abate, enquanto ao lado outros saem à rua para salvar um parque. E aí, admita--se, tem todos os motivos para estar orgulhoso.» [DN]
Fernanda Câncio.
O duplo erro de julgamento
«Ao fim de dois anos de Governo de direita, há um largo consenso quanto a um balanço simples e triste: o País está hoje pior do que estava. O que falta acrescentar é que este falhanço prova que Passos Coelho cometeu um duplo erro de julgamento:
enganou-se, primeiro, ao provocar a crise política que empurrou Portugal para a ajuda externa e enganou-se, depois, ao escolher a austeridade "além da ‘troika'" que arrastou a economia para uma terrível espiral recessiva. E ao enganar-se, enganou o País. Com as consequências que estão à vista.
O primeiro erro de julgamento de Passos Coelho foi o de, na ânsia de chegar ao poder, ter desvalorizado as consequências de provocar uma crise política e de empurrar o País para a ajuda externa. Não é que Passos Coelho desconhecesse essas consequências - como já aqui provei, o líder do PSD sabia que um pedido de ajuda externa, em condições análogas às da Grécia e da Irlanda, deixaria Portugal, como ele próprio disse, numa posição em que "daqui a dois ou três anos não estaria em condições de cumprir" (Lusa, 10-2-11). Mas a verdade é que quando a oportunidade surgiu, entre o País e o poder, Passos Coelho escolheu o poder: desprezou o apoio do BCE ao PEC IV, provocou a crise política (dizendo-se contra o aumento dos impostos) e ficou à espera da ‘troika' - e dos votos. Foi por essa altura que começou a ver na ajuda externa vantagens que até então lhe tinham passado despercebidas, sobretudo como ocasião para diabolizar o PS e implementar a sua agenda ideológica neoliberal contra o Estado. Com Durão Barroso na Comissão Europeia, António Borges no FMI e Eduardo Catroga na mesa das negociações, não surpreende que tenha exultado com o programa da ‘troika' e que o tenha adoptado como o seu programa. Agora que falhou, é altura de lembrar que foi Passos Coelho que quis assim.
O segundo erro de julgamento de Passos Coelho respeita à condução da governação e consiste em ter consentido a Vítor Gaspar a loucura de uma "austeridade além da ‘troika'", que arrastou Portugal para uma grave espiral recessiva. Na sétima avaliação, ao mesmo tempo que revelava _o falhanço de todas as suas previsões e dava conta da necessidade de medidas adicionais, o ministro das Finanças gabava-se de ter aplicado o dobro (!) da austeridade prevista no Memorando inicial da ‘troika' - sem nunca lhe ocorrer que uma coisa talvez tivesse que ver com a outra. E sem que nunca Passos Coelho desse sinais de se lembrar que tinha prometido aos portugueses uma estratégia de combate às "gorduras do Estado" _e não uma estratégia de empobrecimento das famílias e do País.
Os indicadores traduzem com clareza as consequências desastrosas deste duplo erro de julgamento. A economia, que em 2010 cresceu 1,9%, está atolada, pelo terceiro ano consecutivo, numa grave recessão, registando uma queda de 4% no 1º trimestre deste ano. _O desemprego, que era de 12,1% quando o Governo tomou posse, disparou para os 17,8% no passado mês de Abril (945 mil desempregados) e em breve chegará aos 19%.
A redução do défice, apesar da austeridade e dos sucessivos orçamentos rectificativos, falha todas as previsões. E a dívida pública, que era de 94% do PIB em 2010, já vai nos 127%. Apesar da propaganda, todos sabem que a revisão das metas acordada com a ‘troika' não se deve à "credibilidade reconquistada" mas sim à necessidade de acomodar os constantes falhanços do ministro das Finanças; a melhoria nas contas externas não traduz um saudável ajustamento estrutural da economia mas sim a redução conjuntural das importações imposta pelo impacto do empobrecimento na procura interna e a redução dos juros nos mercados financeiros reflecte mais a intervenção do BCE do que a confiança numa dívida pública que continua classificada como "lixo".
Não há volta a dar: dois anos depois, o País está hoje pior do que estava. E vai continuar a piorar enquanto não se puser travão a isto.» [DE]
Pedro Silva Pereira.
O Fidel da EDP
«O antigo ministro das Finanças Eduardo Catroga acredita que “daqui a dez anos a História vai demonstrar que este Governo e Vítor Gaspar tinham razão. Em entrevista ao Sol, o economista sublinha que “Gaspar foi o homem certo”.» [Notícias ao Minuto]
Parecer:
O país começa a ficar enjoado com a prosápia dos pentelhos deste idoso guloso.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Haja alguém que diga a Catroga para deixar de chatear o país, que se retire e vá cuidar dos netos.»
O taliban da Comissão critica o FMI
«O comissário europeu para os Assuntos Económicos, Olli Rehn, acusou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI) de "lavar as mãos e deitar a água suja para os europeus", com as críticas aos resgates à Grécia.
Segundo a edição 'online' do Financial Times, Olli Renh, responsável pela gestão dos dois resgates à Grécia, comparou o duro relatório do FMI sobre a gestão do primeiro resgate à Grécia, de 110 mil milhões de euros, com uma brecha no princípio transatlântico "entrar juntos, sair juntos" desenvolvido na guerra dos Balcãs nos anos 1990.» [DN]
Digamos que o taliban finlandês se sente enrascado.
«O comissário europeu para os Assuntos Económicos, Olli Rehn, acusou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI) de "lavar as mãos e deitar a água suja para os europeus", com as críticas aos resgates à Grécia.
Segundo a edição 'online' do Financial Times, Olli Renh, responsável pela gestão dos dois resgates à Grécia, comparou o duro relatório do FMI sobre a gestão do primeiro resgate à Grécia, de 110 mil milhões de euros, com uma brecha no princípio transatlântico "entrar juntos, sair juntos" desenvolvido na guerra dos Balcãs nos anos 1990.» [DN]
Parecer:
Digamos que o taliban finlandês se sente enrascado.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «ELe que mande o ollibuul do O'Connors morder o FMI.»
Eu ainda sou do tempo
«Um trabalhador dos CTT que integrou um piquete de greve no Centro de Produção e Logística da empresa em Taveiro, em Coimbra, teve esta sexta-feira de receber tratamento hospitalar após um incidente com agentes da GNR.
O coordenador regional do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações, Henrique Santos, conta à agência Lusa que, "num momento de maior tensão", na última madrugada, o trabalhador foi atingido com gás de um ‘spray’ accionado por elemento daquela força de segurança.» [CM]
Parecer:
Eu ainda sou do tempo da asfixia democrática, de quando os líderes do PSD ouviam as queixas dos sindicatos e acusavam o governo de asfixia democrática.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proteste-se.»
Quem se mete com o governo leva
«O PSD afastou esta sexta-feira a recondução de Alfredo José de Sousa como Provedor de Justiça, por considerar que não dá garantias de isenção e imparcialidade, defendendo que este cargo deve ser ocupado por outra personalidade.
Esta posição foi transmitida pelo líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, numa declaração aos jornalistas na Assembleia da República.
"Já tive ocasião de comunicar ao PS que o PSD não irá propor a recondução do atual Provedor de Justiça. Sabe-se, já o dissemos nos dias anteriores, que o senhor Provedor de Justiça, a nosso ver, exorbitou os seus deveres de isenção e de imparcialidade no exercício do cargo e, portanto, colocou-se numa circunstância que não permite o apoio do PSD à sua recandidatura", declarou Luís Montenegro.» [DN]
Parecer:
Era de esperar.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Montenegro se já sabem quem vai propor.»
O bom aluno está com medo de chumbar?
«"O esforço dos portugueses já foi ao limite do aceitável. É altura de sermos com o esforço dos nossos parceiros internacionais", disse o deputado durante o debate do Orçamento Rectificativo. "Reclamar o estatuto de país cumpridor é saber levantar a voz", declarou.
Antes, João Almeida tinha defendido que "de nada vale essa revisão das metas se na economia já estão produzidos os efeitos" da austeridade. O CDS quer que as flexibilizações concedidas pelas autoridades internacionais sejam feitas "em tempo útil".» [DE]
Parecer:
A tese do bom aluno falha quando se pede uma prova mais fácil com medo de chumbar.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
Gaspar hilariante
«O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, afirmou hoje que "o comportamento do investimento é muito preocupante", mas argumentou que foi prejudicado pelas "condições meteorológicas" no primeiro trimestre do ano, que prejudicaram a construção civil.
"Naturalmente, o comportamento do investimento é muito preocupante, sendo, no entanto, que o investimento no primeiro trimestre deste ano é adversamente afetado pelas condições meteorológicas nos primeiros três meses do ano que prejudicaram a atividade da construção", afirmou Vítor Gaspar.» [i]
Parecer:
O melhor aluno da turma arrisca-se a passar a ser o pior doente do Júlio de Matos.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
"E o palhaço sou eu?"
«Portugal joga esta sexta-feira, 6 de Junho, com a Rússia. É um jogo de futebol. Mas o ministro da Economia e do Emprego acredita que os portugueses precisam de se juntar numa outra equipa. A equipa “Portugal para as exportações”.» [Jornal de Negócios]
Parecer:
Este sôr Álvaro é um pensador...
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
Deus errou
«“Tenho maior gosto em discutir erros, mas apresentar uma lista de erros seria demasiado demorado. Deixe-me apontar-lhe apenas um que parece importante”, disse Vítor Gaspar aos jornalistas, a margem de uma conferência-debate em Lisboa, quando questionado sobre os erros que cometeu enquanto responsável pela pasta das Finanças.
“O erro de que falo é que pensei que se poderia dar prioridade à consolidação orçamental e à estabilização financeira sem uma transformação estrutural profunda das administrações públicas. Neste momento, é claro que um esforço muito mais concentrado, desde o primeiro dia, na transformação das administrações públicas teria sido mais apropriado”, afirmou o ministro das Finanças.» [Notícias ao Minuto]
Parecer:
O grave destas declarações não está no facto de Gaspar admitir erros, de admitir que nada fez no na reforma do Estado ou de que deveria ter começado pelo despedimento em massa de funcionários públicos. O grave está no facto de um ministro das Finanças falar como se fosse ele o primeiro-ministro. Dizer que não começou pela reforma do Estado é dizer que era a ele que cabia decidir o que fazer e por onde começar, como se o primeiro-ministro fosse um banana e os outros ministros meros palhaços.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»