terça-feira, novembro 10, 2015

A crise política explicada a totós

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Passos Coelho nunca imaginou alcançar a maioria absoluta, conseguiu unir toda a direita e com promessas de sobretaxa e de criação de emprego conseguiu unir toda a direita e alcançou uma vitória eleitoral, a PaF foi o partido mais votado para um parlamento onde não teria a maioria.

A intenção da direita nunca foi governar quatro anos, a direita apenas pretendia governar o tempo suficiente para prolongar a campanha eleitoral, esperar pelas presidenciais e nessa ocasião promover a dissolução do parlamento, dispensar o consenso com o PS e voltar a governar à margem de todo e qualquer pacto social da democracia portuguesa.
  
Ao contrário do que sucede nos países da Europa de que tanto se fala em Portugal a direita poderia governar sem ter a maioria absoluta, 20% dos deputados não contam, são são gente pouco recomendável que representa gente perigosa. Esses 20% de deputados odiavam o PS acima de tudo e por isso podiam ser ignorados.
  
Contando com o ódio desses deputados a direita e a sua comunicação social, designadamente, as televisões, o Expresso e o Observador tudo fizeram para canalizar os votos de eleitores descontentes para o PCP e o BE. Para governar não era preciso ter a maioria do parlamento, bastaria ter mais votos do que um PS odiado à direita e à esquerda.
  
Tenco conseguido mais votos do que o PS mas menos do que lhes daria uma maioria parlamentar numa democracia de maioria parlamentar a direita festejou, tinha ganho e cabia ao PS aceitar a derrota, António Costa devia fazer o competente hara kiri e ceder o lugar a alguém disponível para apoiar o governo da direita. A direita continuava disponível para o consenso que sempre propôs, o governo seguiria o seu programa e o PS concordaria, faria de ala liberal do regime.
  
Como o António Costa não se demitiu na noite das eleições a dieta decidiu fazer um gesto generoso, fez constar na comunicação social que em troca do apoio do PS ao seu governo daria o lugar de presidente do Parlamento a Ferro Rodrigues, o mesmo lugar que em tempos não conseguira dar a Fernando Nobre e agora até tinha a intenção de dar a uma segunda figura, como é o Negrão.

Como António Costa não se demitiu o ainda e infelizmente Presidente de mais duas semanas a Passos Coelho "encomendando-lhe" uma solução de governo estável. De caminho aproveitou para sugerir ao PS que se rendesse e informar o CP e o BE que tinham o direito de existir mas não faziam parte da democracia, eram partidos cujos direitos constitucionais m orriam no momento da eleição dos deputados, eram não partidos.
  
Passos percebeu a mensagem e em vez de negociar esperou pela rendição de Costa, como este não se rendeu ao fim de três dias mandou-lhe uma bisnaga de vaselina a que chamou medidas facilitadores. Entretanto,lá ia dizendo que era o que faltava que tivesse de governar com um programa que não era o seu.
  
Quando se apercebeu do erro de não ter reunido com o secretário-geral do PS e quando já era tarde Cavaco chamou António Costa a Belém para a reunião mais inútil e sem sentido dos seus mandatos presidenciais. Este foi o Presidente de que Seguro se queixou de não o chamar a Belém durante muitos meses seguidos.
  
Falhada a estratégia inicial e perante a falta de tempo Cavaco lembrou-se da Constituição e lá fez o que devia fazer. A direita exigia que a ser chumbado teriam de ser os deputados a fazê-lo. Cavaco indigita Passos Coelho e aproveita a comunicação ao país para tentar destruir o PS, desafiando a sua liderança e apelando à rebeldia dos deputados. Ficou clara o apego constitucional de Cavaco pois ele excluía dois partidos seguindo critérios que ele próprio definia. Ficou também claro o seu conceito de consenso, ou o PS concordava incondicionalmente ou ele promovia a sua destruição.
  
António Barreto que já tinha ido à entrevista da RTP 3 exigir que fossem os deputados a aprovar ou chumbar o governo escreve duas semanas depois um artigo onde retratava os mesmos deputados cuja dignidade defendeu como uns grandes gandulos. Seriam trabalhadores se tivessem traído os seus eleitores.
  
A generalidade das personalidades de direita apresentaram-se como advogados dos eleitores do PS, para eles os eleitores de direita votam na direita para esta governar e votam no PS para este partido ajudar a direita a governar. Os que votam no BE e na CDU são idiotas pois os seus votos não contam para nada.
  
O governo prepara o seu programa para uma legislatura, para um governo estável, ainda que em privado toda a direita soubesse que era apenas para enquanto as sondagens não dessem uma maioria absoluta. queriam o consenso e governar pensando em todos  mas ficaram muito zangados quando Marcelo disse que as presidenciais não eram a segunda volta das legislativas.
  
Continuaram a sonhar com uma surpresa, ainda ontem havia quem escrevesse no Público que tal poderia acontecer, madrugavam par saber novidades da bolsa e do mercado financeiro, liam com sofreguidão as notícias sobre esta matéria que ia sendo dada no Observador, quando uma técnica de uma agência de notação fez um comentário sobre Portugal tiveram um orgasmo colectivo. Era a direita e o Apocalipse e de preferência que o Apocalipse chegasse antes da votação no parlamento. Até o incompetente do Costa foi para Madrid fazer comentários que servem apenas para tentar levar o país ara um beco.
  
Mas o sonho terminou e a direita acordou no meio de um parlamento de uma democracia que tem uma Constituição a que se habituou tanto a ignorar que até pensou que iria formar governo contra as suas regras.  E Portugal teve mais um 25 de Abril, em 1974 assistiu-se a uma revolução com cravos nos canos das metralhadoras, em 2015 assiste-se a mais uma revolução, desta vez e pro incrível que pareça um presidente que lembra Américo Tomás corre o sério risco de empossar o governo o que nunca desejou empossar e ainda por cima com maioria parlaemntar. Teria sido mais fácil a Tomaz ter empossado Vasco Gonçalves do que a Cavaco empossar António Costa.
  
A direita da estabilidade financeira sonhou com uma reacção violenta dos mercados, a direita do consenso comprava o apoio parlamentar com um tacho que não poderia dar, a direita da estabilidade queria governar olhando para as sondagens, a direita que se diz democrática quer retirar os direitos políticos de 20% dos portugueses.
  
Mas o pior de tudo isto é que esta gente achava que os outros eram idiotas, estavam convencidos de que o PC e o BE aceitavam o novo estatuto, que os eleitores que votam no PS querem ser governados por um governo extremista de direita e que os deputados do PS ia trair o seu partido ara ajudar duas personagens como Passos e Portas. Enfim, era totós que queriam fazer dos outros totós e a única forma de explicar esta crise é partindo do principio de que este é o país dos totós.