quinta-feira, novembro 19, 2015

Passos e Portas querem estabilidade?

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Grafiti pintado nas paredes do Hospital Júlio de Matos, Lisboa

Nunca a direita portuguesa foi tão radical, nunca o CDS esteve tão longe dos valores da doutrina social da Igreja, nunca o PSD se afastou tanto dos valores de Sá Carneiro, nunca a direita portuguesa organizada em partidos esteve tão próxima da extrema-direita, ainda que com o cuidado de não lhe adoptar todos os valores, digamos que nunca a direita foi tão próxima do que poderíamos designar por extrema-direita chique.

Quem for ao parlamento e ouvir as intervenções do PSD e as comparar com as do PCP e do BE chegará à conclusão que o PSD é da extrema-direita e os partidos acusados de esquerda radical são do centro. O mesmo sucederia se compararmos o discurso de Jerónimo de Sousa no seu último comício público com o de Passos no comício realizado numa sala de hotel, à porta fechada e para um núcleo de simpatizantes da direita.

A direita nunca esperou alcançar a maioria, contando com a divisão da esquerda esperava governar em campanha permanente, visando criar condições para antecipar eleições quando as sondagens fossem favoráveis. A direita nunca desejou estabilidade, porque uma direita radical precisa de instabilidade para gerir a sua agenda política. Para conseguir o estatuto de maior partido a direita não hesitou em manipular os instrumentos da máquina fiscal para inventar um falso reemboloso da sobretaxa, uma fraude eleitoral que serviu como prova de sucesso, inclusivamente confirmado por um Cavaco Silva mais militante partidário do que presidente.

Mas a direita radical não quer apenas gerir a agenda política na esperança de conseguir mais em eleições antecipadas, quer também conduzir o país para uma nova crise financeira. Basta acompanhar o Observador. o órgão oficioso desta extrema-direita chique para se perceber como a direita radical deseja uma reacção negativa dos mercados, cada vez que os juros sobrem ou que a bolsa cai ouvem-se gemidos do orgasmo colectivo que se sente por aquelas bandas.

Passos Coelho tem uma agenda radical, quer desvalorizar os funcionários públicos, eliminar e empobrecer os serviços públicos e despedir funcionários, reduzir os custos salariais, Passos Coelho acreditou nas terta do falecido António Borges e ainda se julga um visionário, Passos Coelho acredita mesmo que Portugal pode ser o país mais competitivo no espaço de uma legislatura e quer consegui-lo custe o que custar.

Só que as suas reformas são inconstitucionais, o próprio Gaspar fugiu do seu extremismo, só as pode implementar tendo o presidente na mão e com uma situação de crise financeira que obrigue o TC a ignorar a Constituição. Não admira que antes de ser primeiro-ministro Passos tenha proposto a sua própria constituição e agora que juklga iniciar um novo ataque ao poder regressa ao tema da constituição. Passos não quer ignorar a Constituição, quer uma nova constituição, Passos imagina uma nova ordem para o país que ele se julga no direito divino de criar. Passos é o exemplo do imbecil que se julga um iluminado e a sua falta de lucidez impede-o de perceber a realidade. É cada vez mais um político perigoso.